Os manifestantes também denunciaram falta de fiscalização e descaso com a saúde pública municipal
A praia de Barra do Sahy, em Aracruz, norte do Estado, amanheceu neste domingo (28) com 30 cruzes fincadas na areia, representando o número de mortos pela Covid-19 no município. O ato, organizado pelo diretório do Partido Socialismo e Liberdade (Psol), foi uma forma de demonstrar repúdio ao Decreto Municipal 38.085, do prefeito Jones Cavaglieri (SD), que mantém o funcionamento parcial do comércio.
O documento, divulgado na sexta-feira (26), estabelece ainda regras de prevenção à Covid-19, entre elas, disponibilização de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs), como álcool em gel e máscara; e manutenção de distanciamento entre as pessoas dentro dos estabelecimentos comerciais. Entretanto, segundo os manifestantes, não há fiscalização por parte da prefeitura.
De acordo com o decreto, estabelecimentos comerciais que prestam serviços essenciais, como supermercados, postos de combustível e laboratórios, podem funcionar em horário e dia de funcionamento regular e habitual. O setor de atividades não essenciais está dividido em dois. Um pode funcionar em dias pares, o outro, em dias ímpares. Restaurantes, lanchonetes, pizzarias, sorveterias e açaiterias formam, segundo o decreto, o quarto setor, cujo funcionamento é permitido de segunda a sexta, das 10h às 16h. O quinto é o das feiras livres, que podem atender ao público nas quintas e sextas, das 15h às 20h.
O Psol também divulgou uma nota de repúdio na qual destaca que Aracruz já é classificada como município de Risco Alto segundo o Mapa de Gestão de Risco para ações qualificadas de enfrentamento da Covid-19, emitido pelo Governo do Estado. Para o partido, a manutenção da flexibilização do comércio “demonstra total descaso com as vidas dos munícipes, bem como ao trabalho dos profissionais da saúde que têm enfrentado uma batalha diária no combate à Covid-19 no nosso município”.
A presidente do diretório municipal de Aracruz, Leilany Santos Moreira, afirma que outras ações da gestão municipal não contribuem com o combate à Covid-19. Uma delas é o fechamento de três unidades de saúde. Leilany aponta que a de Barra do Sahy foi fechada no início de 2020. Outras três, as de Sauê, Saipe e Vila Rica, encerraram suas atividades em plena pandemia, sob a alegação de falta de infraestrutura. Leilany acrescenta que Sauê e Barra do Sahy são localidades mais distantes, o que dificulta o acesso dos moradores às unidades de saúde do centro de Aracruz.
Essa dificuldade se torna ainda maior, segundo ela, diante da não circulação do transporte público aos domingos e da restrição aos sábados, conforme estabelece o decreto municipal. Outra queixa, de acordo com a presidente do diretório, é de que a gestão municipal está transferindo sua responsabilidade para os munícipes e para a Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL). Leilany relata que o decreto estabelece regras para funcionamento do comércio a serem cumpridas pelos comerciantes e cidadãos, mas a prefeitura não está cumprindo o papel de fiscalizar.
Leilany denuncia, ainda, o fato de que o poder público municipal estabeleceu o retorno dos servidores públicos que estavam trabalhando em home office para as atividades presenciais.
Ato em Camburi
Camburi amanhece com cruzes e covas em protesto contra mortes por Covid-19
https://www.seculodiario.com.br/saude/camburi-amanhece-com-cruzes-e-covas-em-protesto-contra-mortes