Os rodoviários não descartam, porém, nova manifestação
Está marcada para esta terça-feira (19), uma audiência pública entre a Justiça do Trabalho, o Ministério Público do Espírito Santo (MPES), Governo do Estado, empresas de ônibus e Sindicato dos Trabalhadores em Transportes Rodoviários do Espírito Santo (Sindirodoviários). O encontro foi após sinalizado aós manifestação realizada pelos trabalhadores na manhã desta segunda-feira (18), em Vitória, contra a suspensão dos cobradores do Sistema Transcol durante 60 dias.
Eles se concentraram às 6h na Praça de Jucutuquara e seguiram rumo ao Palácio Anchieta, com as duas pistas interditadas por motoristas e cobradores que estavam a pé, além de dezenas de ônibus que seguiam em comboio.
Entretanto, relata o diretor do sindicato, Valdecy Dulcilina Laurindo, o horário da audiência ainda não foi confirmado. Valdecy afirma que se essa informação não for repassada para o sindicato até às 22h desta segunda-feira, haverá um novo protesto amanhã, às 6h, com concentração na Praça de Jucutuquara e destino final no Palácio Anchieta.
O Governo do Estado alega que a suspensão dos cobradores, que teve início no último domingo (17), é para evitar o contágio da Covid-19 por meio do pagamento da passagem em dinheiro, cabendo aos usuários usar somente o Cartão GV.
De acordo com o diretor do sindicato, Jean Carlos Gomes da Silva, parte dos cobradores será afastada por 60 dias e outros terão sua carga horária reduzida, atuando na venda de cartões nos terminais e dentro dos ônibus. Ele afirma que o Sindirodoviários considera a medida desvio de função e quer garantias de que os trabalhadores terão estabilidade após o retorno ao trabalho. Para a entidade, o Governo do Estado está descumprindo regras que ele mesmo criou.
“Existe uma lei que proíbe vendas nos terminais, exceto as daquelas barracas legalizadas, e que proíbe também venda dentro do transporte coletivo. Quando entra ambulante no ônibus, dizem que a responsabilidade para pedir que desçam é do motorista. O governo faz a regra e ao mesmo tempo a quebra?”, questiona Jean, que afirma que a suspensão dos cobradores também penaliza a população.
Valdecy destaca que os cobradores que irão vender os cartões nos terminais também terão que ter contato com dinheiro, assim como os clientes, na venda desse produto. Ele salienta ainda que nos ônibus municipais, como os de Vila Velha e Vitória, a atuação dos cobradores prossegue, o que para Valdecy demonstra que, de fato, a ideia do Governo do Estado é dispensar os cobradores após os 60 dias.
Os rodoviários chegaram a aprovar em assembleia realizada no último sábado (16) uma greve com paralisação de 100% da frota, a começar no dia seguinte. No entanto, ela não ocorreu, segundo Valdecy, pelo fato de que haveria prejuízos para a população, que está apoiando os rodoviários, em um contexto em que ela já está sendo muito prejudicada em virtude da pandemia.
No mesmo dia da aprovação da greve a Justiça do Trabalho decidiu, em liminar, que o movimento paredista é ilegal, pelo fato do sindicato não ter comunicado o início da greve 72 horas antes de sua deflagração. A liminar foi resultado de um pedido de urgência formulado pelo Sindicato das Empresas de Transporte Metropolitano da Grande Vitória (GV Bus).