A situação dos animais, domésticos ou não, é ainda mais dramática, pois eles possuem audição muito mais sensível que a humana e não têm consciência do que significa o ruído aterrorizante. As reações são as mais diversas e os cuidados para protegê-los nesses momentos tão são variadas, e dependem da necessidade do animal e da disponibilidade do seu tutor.
A médica-veterinária Maria da Glória Alves Cunha, presidenta da Associação dos Amigos dos Animais (Adada), diz que ”o mais importante é ficar perto deles, abraçar, dar carinho, brincar, distraí-los do barulho”, recomenda.
Com sua dogue alemã, por exemplo, ela usa um bucha de algodão no ouvido e a ingestão de um medicamento oral. “Tem gente que fecha a casa toda, liga o som. O importante é não deixar preso na correia pra ele não sufocar tentando fugir e, se colocá-lo dentro de casa, fechar bem as portas e janelas”, ensina. No caso de medicamentos, é fundamental a orientação de um médico-veterinário.
Sobre a possibilidade de shows pirotécnicos silenciosos, Glória lamenta que a quase ausência de interlocução das ongs protetoras de animais com as prefeituras, até o momento, não possibilita qualquer tratativa nesse sentido. “Não tem parceria com a gente. A gente tem tanta dificuldade de acesso às prefeituras!”, reclama a médica-veterinária.
A ênfase no efeito visual, que é o que realmente fascina as pessoas, por meio de fogos de artifícios silenciosos, é uma tendência em todo o mundo, e várias cidades já o adotam. Este ano, as entidades de bem-estar animal têm louvado a iniciativa da Prefeitura de Campos do Jordão, que adotou a moderna estratégia, em cumprimento a uma Lei Municipal sancionada este ano, e que prevê multa de R$ 952,66 a R$ 2.256,30 em caso de descumprimento.
Na página da Adada no Facebook, um link para matéria no site da ong World Animal Protection, informa que, enquanto os seres humanos são capazes de captar frequências sonoras entre 20 e 20.000 Hertz, cães e gatos possuem uma capacidade muito maior: entre 40 e 60.000 Hertz para os cães e entre 45 e 65.000 para os gatos domésticos. Além disso, as orelhas desses animais são dotadas de mais de uma dezena de músculos, o que os permite movimentá-las em diferentes direções, captando sons com mais rapidez do que nós.