A CPI da Máfia dos Guinchos, na Assembleia Legislativa, aprovou pedido de prisão preventiva do dono do Central Park, pátio que abrigou o veículo do oficial de justiça Moshe Dayan Rosa. Apreendido em uma blitz do Batalhão de Trânsito da Polícia Militar em 2012 e levado para o pátio, o veículo foi retirado irregularmente do local e levado para a Bahia, com documentos e placas falsificados. O nome do proprietário não foi divulgado.
A sessão também expôs os nomes de dois servidores do Departamento Estadual de Trânsito (Detran-ES) acusados por Rosa de dificultar a retirada do carro. Um é o gerente operacional do departamento, Maurício Becker; o outro é o diretor de Habilitação e Veículos, José Eduardo de Souza Oliveira. A comissão aprovou a convocação de ambos para prestar depoimento na sessão da próxima segunda-feira (19).
Rosa contou em depoimento à comissão, nesta segunda-feira (12), o périplo que enfrentou desde a apreensão até a descoberta do carro no estado vizinho. Destacou, inicialmente, a aquisição do veículo novo para cumprir suas atividades em regiões de pavimentação precária, já que, embora morasse em Vitória, trabalhava no interior. Destacou, também, que gozava de isenção do pagamento de Licenciamento e Imposto sobre Propriedade de Veículo Automotor (IPVA) em razão da atividade profissional.
Segundo o oficial de justiça, o chefe Circunscrição Regional de Trânsito (Ciretran) de Vitória não conseguia dar baixa na isenção dos tributos. No entanto, cedeu a Rosa uma cópia da documentação do processo para comprovar a regularidade caso necessário. No entanto, quando foi parado pelos policiais de trânsito, ouviu: “A ordem é rebocar”.
Veículo no pátio, Rosa se desdobrou para retirá-lo. Tentou, então, contato com Maurício e José Eduardo. Quando percebeu os empecilhos, lançou mão de um último recurso: propôs pagar todas as multas para reaver o carro. O Detran-ES respondeu com nova burocracia: o carro só poderia ser liberado após verificação de um vistoriador. Quando Rosa arrumou o vistoriador, este foi impedido pelo proprietário do pátio de entrar no local.
“Parecia que o Detran-ES era credenciado pelo pátio e não o contrário. Ficou claro, ali, que o Detran-ES não tinha poder sobre o pátio”, lamentou o oficial de justiça.