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Casa da Stael comemora 17 anos com programação especial

Mais: o início de tudo; programação de aniversário; prêmio de projeto de caxambu

Quase chegando à maioridade, a Casa da Stael, no Centro de Vitória, comemora aniversário na próxima quinta-feira (19), com uma programação especial. Batizado de Nu Quintal Especial Casa da Stael 17 Anos, o evento contará com exposições, aula de forró, apresentações artísticas, exposição e comercialização de marcas autorais e gastronomia. A entrada será um valor espontâneo para manutenção do espaço.

Divulgação

Stael Magesck, idealizadora do espaço, afirma que a trajetória de 17 anos é de muito aprendizado. “De certo modo, fomos o primeiro espaço multicultural independente no Centro. Se falava muito que o Centro é do samba, eu achava que o Centro é do samba, mas pode ser da moda autoral, de outros ritmos, da poesia”, diz Stael, que afirma ter idealizado a Casa como um “espaço múltiplo, que acolhe a todos”.

O começo

No início, recorda, seu pensamento tinha o foco de fazer e propagar a arte. “Ficava feliz em ver a Casa cheia, não pensei que no final do mês a conta de água ia chegar, que a conta de luz ia chegar”, diz. Stael afirma que passou a procurar parcerias para sua empreitada na iniciativa privada e com o poder público, mas naquela época, relembra, não havia as políticas culturais que se tem hoje e, portanto, não se tinha a compreensão por parte desses segmentos quanto a isso.

Mudanças

Hoje, comemora, há mais políticas culturais, como os editais, e, inclusive, foi criada uma Gerência de Economia Criativa na Secretaria Estadual de Cultura (Secult). Mas, defende a artista, é preciso mais políticas para o setor cultural. Diga-se de passagem, é bom registrar que, no Espírito Santo, Stael foi uma das principais mobilizadoras pela criação da Lei Aldir Blanc durante a pandemia da Covid-19. A própria Casa da Stael foi contemplada em um edital de cultura neste ano, o de programação continuada de espaços culturais, da Lei Paulo Gustavo Estadual. Por meio dele, serão feitas várias atividades culturais em 2025, como oficinas no contexto do Carnaval, a exemplo das de adereço e samba no pé.

Valorização, e não revitalização

Uma das coisas que Stael sempre deixa claro quando se trata do Centro de Vitória é que ele não precisa de revitalização, pois já tem vida. O que o bairro necessita é de valorização. “É preciso ter um olhar de valor para o Centro”, diz. A artista afirma que já pensou em desistir, mas foi impedida pelo “autodesafio de pensar que é possível”. “Quero fazer diferença na vida das pessoas, valorizar o Centro, reforçar o sentimento de pertencimento a esse lugar, pensar o Centro como ecossistema territorial criativo, um modelo e referência de lugar onde a arte e a cultura venceram”, salienta.

Exposição

Divulgação

Mas, agora, vamos à programação! Ela conta com a exposição Entre o Efêmero e o Eterno, da aquarelista Alice Beraldi, que traz a reflexão sobre os processos silenciosos de amadurecimento e transformação dos seres humanos. Em aquarela, a artista cria um universo com borboletas, símbolos de mudança e renascimento. Suas pinceladas buscam capturar “a essência dessa metamorfose constante, revelando a beleza das transições que, invisíveis à primeira vista, marcam profundamente o nosso ser”.

Exposição II

De acordo com a artista, as borboletas criam uma sensação de movimento constante, como se o processo de mudança nunca fosse fixo, e sim, algo contínuo, em construção. A sobreposição das formas, além de ampliar o sentido da fusão de elementos e emoções, remete à complexidade dos processos internos de quem amadurece.

Nu Quintal

O Nu Quintal, atividade cultural que acontece mensalmente na Casa da Stael, também faz parte da programação com uma edição especial, que contará com artistas de diversas áreas. O nome, segundo Stael, refere-se ao se despir das vergonhas e expressar sua arte. Quintal tem a ver com o local onde o evento é realizado, que é no quintal da Casa, e o dia da semana, que é na quinta-feira.

Nu Quintal II

As atrações confirmadas são Thiago Viana, Marconi Albuquerque, Eugênio Goulart, Márcia Reis, Wagner Silva, Fabíola Sampaio, Caê Guimarães, Orlando Lopes, Henrique Pariz, Eduardo Matos, Deane Monteiro, Ângela Jardim, Marcos Tavares, Luciano Hurbanus, Katrina Persy, Sublimatique, Sant’arte e Alex Zorzal. Também no Nu Quintal terá o Palco Aberto, no qual as pessoas que quiserem podem expressar sua arte.

Aula de forró e mercado criativo

Haverá ainda aulão de forró gratuito, no estilo “chegar e participar”, com a professora Ana Santos, a partir das 19h15. A programação conta, ainda, com o Mercado Criativo, no qual serão realizadas exposição e comercialização de marcas autorais, como as de moda, artesanato e acessórios, além da produção local de cachaças, licores, cafés e outras bebidas.

Obanga Itinerante

Divulgação

O Projeto Obanga Itinerante, que circula pelos eventos do Centro de Vitória, estará na Casa da Stael com a gastronomia criativa e urbana, servida em sua cozinha e estrutura de bar. No cardápio, croquetas (costela, pulled pork, tilápia salgada, carne seca desfiada, frango ao cury e queijo mussarela), batatas fritas, frango coreano com molho picante ou agridoce, pasteletas de cogumelos frescos, e bebidas diversas, como as cervejas artesanais, entre elas, a Mulan Rouge.

Premiação nacional

Luan Volpato

A Associação de Salvaguarda do Patrimônio Imaterial Cachoeirense foi a vencedora do Prêmio Rodrigo Melo Franco de Andrade, a mais alta premiação na área da preservação e da salvaguarda do patrimônio cultural brasileiro. O projeto premiado é o Trilhas do Quilombo Monte Alegre, que reúne um conjunto de ações realizadas na comunidade quilombola de Monte Alegre, em Cachoeiro de Itapemirim, no sul. Essas iniciativas envolvem o grupo de Caxambu Santa Cruz, comandado pelas mestras Maria Laurinda Adão, Adevalmira Adão Felipe, Neuza Gomes Ventura e Geralda Nogueira Calixto.

Premiação nacional II

Trilhas do Quilombo Monte Alegre é uma política de preservação e fortalecimento do caxambu, que ocorre por meio de ações diversas em que as quatro mestras são as protagonistas e as responsáveis principais pela transmissão dos conhecimentos do caxambu e do quilombo, tais como oficinas, eventos, rodas de conversa e livros. O projeto concorreu com cerca de 250 propostas de todo o território brasileiro, vencendo etapas estaduais e nacionais, e é uma das 18 contempladas. A cerimônia oficial de entrega do prêmio deverá ocorrer em 2025.

Premiação nacional III

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Luan Faitanin Volpato

Para Genildo Coelho, da Associação de Salvaguarda do Patrimônio Imaterial Cachoeirense, o prêmio é o reconhecimento de um trabalho iniciado ainda no ano de 1999, que foi feito a muitas mãos por mestres e mestras do patrimônio imaterial de Cachoeiro. “Nós estamos muito felizes e ainda mais seguros de que o que temos feito todos esses anos está no caminho correto. Apesar desse reconhecimento, no Quilombo Monte Alegre, alguns pastores fizeram ataques frequentes aos nossos projetos em claros atos de intolerância religiosa, mas resistimos e continuaremos resistindo”, diz Genildo, que acrescenta: “somos resistência, e trabalhamos para a preservação da mais pura cultura negra do quilombo, aquela que nos foi legada por Adão, ex-escravizado líder fundador do quilombo”.

Até a próxima coluna!

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