Confirmado para entrar em vigor na próxima segunda-feira (1), o reajuste da taxa de estacionamento das Centrais de Abastecimento do Espírito Santo (Ceasa-ES), em Cariacica, está provocando indignação entre produtores rurais e comerciantes. Além do cenário econômico adverso, os produtores amargam uma das mais incisivas crises hídricas já registradas no Espírito Santo, fatores que abalaram a produção.
Motta soube da medida pelos alto-falantes do local nessa quarta-feira (27). Os valores do aumento ainda não foram divulgados.
“Em um momento de crise, principalmente a crise hídrica, o diretor da Ceasa [José Carlos Buffon] vai reajustar a tarifa. A gente não está acreditando que ele vai fazer isso”, desabafa Amaíde Motta, presidente licenciado da Associação dos Produtores Rurais e Trabalhadores da Ceasa-ES, que representa cerca de três mil pessoas. Segundo ele, uma reunião está agendada para a próxima quarta-feira (3) com Buffon para discutir a questão.
“A única Ceasa do Brasil que cobra portaria é a Ceasa do Espírito Santo”, reclama Antônio Tadeu Marquezi, produtor de Sooretama. Ele visita a Ceasa em média duas vezes por semana. Quando vem com o caminhão cheio de melancia, fica a semana toda, o que significa um desembolso de R$ 65 pelos cincos dias. Segundo ele, muitos produtores se estabelecem uma semana inteira para vender produtos.
Segundo Motta, a conjunção de escassez hídrica e crise econômica estrangula o produtor em dois pontos da cadeia: a produção e a venda. Se a crise hídrica provoca perdas e diminuição da produção – que, segundo ele, caiu de forma incisiva nos últimos seis meses – o mau momento econômico abala o consumo. “Juntando tudo, o prejuízo é muito grande”, afirma.
“O pedido que o produtor faz hoje é que esse aumento vem em um momento errado”, completa. Ele conta que há produtores na Ceasa-ES que desembolsam cerca de R$ 10 mil por ano só com a taxa de estacionamento. “É um valor que tem que ser reavaliado”, finaliza. Ele também desconhece a destinação do valor arrecadado com a tarifa. “Há muito tempo, ouvi que era para investir na limpeza. Mas é muito dinheiro para falar que é para essa finalidade”.