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Centrais e movimentos sociais se opõem à reabertura do comércio no Estado

Entidades afirmam que medida está na contramão das ações necessárias para combater o coronavírus

Centrais sindicais e movimentos sociais se posicionaram, por meio de nota, contra a reabertura do comércio capixaba iniciada nessa segunda-feira (11). As entidades destacam que a iniciativa do Governo Renato Casagrande está na contramão das ações e medidas necessárias para prevenção à Covid-19 e ocorre no momento de crescimento da curva de contaminação, o que deve ser motivo de alerta.

As entidades afirmam que não é possível prever que a vida social e econômica seguirá seu curso natural com a volta do comércio. Elas mencionam um artigo publicado na Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical, que aponta uma previsão de pico da Covid-19 durante todo o mês de maio. A previsão, defendem, reforça a necessidade do distanciamento e do isolamento como medidas preventivas, assim como o uso dos equipamentos de proteção, como máscara e álcool em gel.

A nota destaca, ainda, que recentemente países ou cidades liberaram o comércio e tiveram que voltar atrás em decorrência do aumento de casos, como a Itália, cujas autoridades tiveram que se retratar após enfrentar milhares de mortes. Outro exemplo é o estado de Santa Catarina, que no final de abril teve que rever sua decisão de acabar com o isolamento social após ter os casos triplicados com a reabertura do comércio.

“Entendemos que a manutenção do fechamento do comércio é indispensável para que as pessoas permaneçam em suas casas tomando todos os cuidados possíveis para evitar o contágio da doença”, defendem as entidades. 

Para o diretor do Sindicato dos Bancários do Espírito Santo (Sindibancários/ES) e membro da direção nacional da Intersindical – Central da Classe Trabalhadora, Idelmar Casagrande, a reabertura do comércio é uma ameaça para os trabalhadores, que terão, por exemplo, que pegar ônibus para se deslocar.  Ele destaca que, ao reabrir o comércio, o Governo do Estado cedeu à pressão do empresariado.

A presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Clemilde Cortes, faz coro à afirmação. De acordo com ela, após muitas tentativas, as centrais sindicais conseguiram realizar uma reunião virtual com o governador Renato Casagrande, pois acreditam que os trabalhadores devem ser ouvidos, e não somente os representantes do empresariado. 

“Os empresários não dependem de agenda para falar com o governador, mas os sindicatos e movimentos, sim. Depois de várias tentativas conseguimos a reunião com auxílio dos deputados Helder Salomão e Iriny Lopes [federa e estadual, ambos do PT]. Sugerimos a criação de um conselho que pudesse propor ações de amparo à classe trabalhadora e dar subsídios ao poder público na tomada de decisões, para que não somente o empresariado seja escutado. O governador afirmou ser favorável, mas agora reabriu o comércio sem nos escutar”, desabafa Clemilde, que enfatiza que as centrais persistirão na retomada da conversa para criação do conselho. 
Helder e Iriny Lopes também se manifestaram contra a reabertura do comércio. O deputado federal destacou em suas redes sociais que o número de vítimas da Covid-19 tem aumentado no Espírito Santo e que a tendência é que a situação fique mais grave, por isso, o comércio deve permanecer fechado apesar dos “inevitáveis impactos na economia”. 
O parlamentar afirma que reconhece as dificuldades dos empreendedores e defende que o governo brasileiro deveria liberar recurso público no montante de R$ 300 bilhões para as micro, pequenas e médias empresas, “mas o presidente irresponsável e genocida preferiu liberar, em plena pandemia, R$ 1,2 trilhão para os grandes bancos, que só pensam nos seus lucros”. 
Helder aponta que o Congresso Nacional aprovou o PLP 1.283/2020, que pode conceder até R$ 120 bilhões de crédito aos pequenos e médio empreendedores, “mas o governo não tira a lei do papel”.

Já a deputada Iriny Lopes, também por meio de suas redes sociais, pediu que a reabertura do comércio seja revista, lembrando o elevado número de casos e mortes, e a taxa de ocupação dos leitos de Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) com uma margem pequena para atender os casos mais graves. 

A situação difícil para o empresariado por conta dos impactos da pandemia também foi destacada pela deputada, cobrando do Estado maior pressão junto ao governo federal para aprovação, no Congresso Nacional, de medidas em tramitação que podem amenizar a situação para este segmento. “Não há salvação para a economia com milhares de pessoas infectadas e mortas. Primeiro, é preciso garantir a vida. Esperamos que o governador reveja a decisão de reabertura do comércio e o faça quando a curva de contaminação estiver descendente”, reforçou.

‘Estamos preparados para nos transformar em Manaus?’

Deputada Iriny Lopes questiona medidas de abertura do comércio antes da curva descendente da pandemia

https://www.seculodiario.com.br/politica/estamos-preparados-para-nos-transformar-em-manaus

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