Pesquisa do Coletivo Pesadamente levantou desafios para deslocamentos na Capital
Em uma pesquisa realizada de forma virtual pelo Coletivo Pedalamente, a falta de estrutura cicloviária é apontada por 81,2% como uma das maiores dificuldades para aderir ou manter o uso da bicicleta como meio de transporte diário em Vitória. Coletando 171 respostas no mês de junho, a pesquisa também aponta que 61,2% dos entrevistados consideram a falta de educação no trânsito como um problema importante. Fechando a tríade, está a falta de conectividade entre as estruturas existentes (16,5%). Cada um que respondeu a enquete poderia apontar mais de uma opção.
Hudson Ribeiro, integrante do Pedalamente, entende que por suas dimensões e geografia, Vitória possui condições favoráveis para ampliar o uso de bicicletas, sendo que uma política mais robusta com base na melhorias dessas três questões poderia promover um salto no uso do veículo que é considerado tanto ecológico como saudável, além de possuir baixo custo de manutenção.
Ele aponta que a demanda por mais ciclovias, educação no trânsito e conexão das malha cicloviária já vêm de muitos anos. “Quando se fala sobre segurança, todo mundo pensa na criminalidade, mas não se fala muito na falta de segurança viária, que mata e gera insegurança diária”, aponta. Para ele, falta vontade política dos gestores municipais e também coragem para confrontar a realidade de que as estruturas sempre foram pensadas prioritariamente para os carros.
Entre os entrevistados da pesquisa do Pedalamente, mais de 70% usam a bicicleta ao menos cinco vezes por semana e quase metade costuma fazer percursos de mais de 5 quilômetros pedalando, o que aponta um público com uso intenso do veículo não-motorizado.
Apesar de ter como foco usuários de bicicleta na cidade de Vitória, a pesquisa reforçou a questão de se pensar a questão da mobilidade na perspectiva metropolitana, já que entre os apontamentos surgidos, estão as dificuldades nas conexões com outros municípios, como é o caso da ligação com Vila Velha pelas Cinco Pontes e com a Serra pela Avenida Norte-Sul, além do ponto de embarque e desembarque do ônibus Bike GV, que transporta ciclistas pela Terceira Ponte.
Na Capital, os ciclistas lembraram como zona mais perigosa a Avenida Maruípe, seguida da Avenida Nossa Senhora da Penha (Reta da Penha). Outros pontos como a Avenida Marechal Mascarenhas, Avenida Rio Branco e Ponte Ayrton Senna, Avenida César Hilal e o trecho entre a Universidade Federal do Estado (Ufes) e a Avenida Dante Michelini também foram lembrados como zonas que apresentam alguma periculosidade ou falta de estrutura para o trânsito em bicicleta.
De acordo com as informações do coletivo, a questão da insegurança na cidade foi alertada sobretudo pelas mulheres, que se manifestaram em grande número sobre questões como assédio, falta de iluminação adequada e local seguro para guardar as bicicletas.
Uma das questões que motivou a realização da pesquisa foi o anúncio de instalação de novas ciclorrotas na cidade, que consistem na pintura e sinalização de vias, destacando que são compartilhadas entre automóveis e bicicletas. Foi criado um grupo de trabalho da prefeitura sem participação da sociedade civil para a tarefa. “A prefeitura faz o mais básico e dá uma visibilidade gigante”, aponta Hudson. Para ele, a pintura das ciclorrotas por si só não modifica em muito a questão da segurança para os ciclistas, já que por não haver separação física para as bicicletas, a segurança dos ciclistas depende justamente do respeito dos motoristas, que nem sempre têm um processo de educação no trânsito.