Cumprimento de horários, abrigos de ônibus e álcool 70% nos coletivos estão entre as reivindicações
Cumprimento de todas as cláusulas do contrato de concessão do transporte público à iniciativa privada em Colatina, noroeste do Estado. Essa é a reivindicação empreendida por diversos coletivos e entidades atuantes na cidade, diante de anos de negligência por parte das empresas e da prefeitura, que não faz a fiscalização a contento.
“Há décadas, nós colatinenses sofremos com péssimos serviços no transporte coletivo e nunca somos ouvidos quanto ao aumento das passagens. O Consórcio Noroeste [Joana d’Arc e São Roque] não cumpre com os artigos que estão no documento de concessão que prevê a qualidade no atendimento, como aumento da frota de ônibus em horários de pico”, expõe um informativo distribuído à população durante a manifestação realizada na última sexta-feira (9).
O panfleto cita ainda que um mesmo ônibus tem cumprido a rota de três a quatro bairros; que em alguns coletivos motoristas têm acumulado funções, fazendo também o trabalho de cobrador; que motoristas e cobradores estão ainda mais desvalorizados neste período de pandemia; e que o Consórcio Noroeste não higieniza os coletivos durante o uso e não fornece álcool em gel nos ônibus.
Sem a fiscalização do Poder Municipal – atual gestão é do prefeito Guerino Balestrassi (PSC) – resta apenas aos usuários o espaço do conselho tarifário para se manifestar. Porém, alertam as entidades, o conselho tem apenas uma cadeira dedicada à classe trabalhadora, que é a mais afetada pelos maus serviços prestados. “A falta de abrigos de ônibus e coletivos superlotados e sem ventilação são formas de violência contra a população”, destacam.
Presidente do Sindicato dos Servidores Públicos Municipais de Colatina e Governador Lindemberg (SISPMC), Eliane Fátima Inácio conta que, para além das décadas de descaso, a motivação para o protesto de sexta-feira foi um boato de que seria feito um novo reajuste do valor das passagens em outubro, poucos meses após o reajuste de janeiro, que subiu para R$ 3,45. “A concessão foi renovada em 2015, por mais vinte anos. Há punição para quem não cumprir as cláusulas, mas o município não fiscaliza”, reitera.
A sindicalista ressalta ainda que a pandemia agravou a situação. “Retiraram uma quantidade de ônibus, nos deixaram expostos horas nos pontos de ônibus”, afirma. A população, conta, tem sido cobrada a cumprir os protocolos, como distanciamento, máscara e higienização das mãos, diferente das empresas de ônibus. “Elas não cumprem. Não estão higienizando mais os ônibus e não tem álcool mais à disposição do usuário”.
Eliane afirma que as entidades e coletivos mobilizados não aceitam a alegação da Joana D’Arc, de que os ônibus estão superlotados por culpa da população. “Ela diz que as pessoas não esperam por outro coletivo mais vazio, por isso os ônibus estão cheios. Mas não tem quantidade suficiente, ficamos horas à espera, e sem o abrigo necessários nos pontos”, descreve.
A intenção, conta a presidente do Sindicato, é manter a mobilização e crescer o movimento em busca das melhorias necessárias. “Durante o corpo a corpo de sexta-feira, as pessoas se mostraram insatisfeitas e questionaram se iríamos fazer algo mais radical, como em Vitória. Iniciamos a conversa com a população e estamos recolhendo assinaturas para o abaixo-assinado, que possui algumas perguntas. Também solicitamos que os usuários do transporte coletivo tirem fotos e nos envie”.
Abaixo-assinado
O abaixo-assinado está disponível em formulário online e conta com o apoio do SISPMC, Sindicato do Vestuário de Colatina, Marilândia, São Gabriel da Palha (SINTVEST), Movimento de Mulheres Negras de Colatina e Região Zacimba – Gaba, Disparada Movimento Juventude, Mãos que se cruzam, Grupo de pescadores, Movimento dos Atingidos por Barragem (MAB), Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Colatina, Sindicato dos Bancários Sub Sede Colatina, Sindicato dos Comerciários sub sede Colatina, Movimento Feminista de Colatina e do Grupo Orgulho, Liberdade e Dignidade (Gold) e Movimento estudantil.