Uma audiência pública realizada na tarde desta terça-feira (2) na Procuradoria Municipal de Vila Velha do Ministério Público Estadual (MPES) acertou a permanência da ciclofaixa da Rua Jair de Andrade, em Itapõa, Vila Velha. Participaram da reunião comerciantes da região, cicloativistas, representantes da Prefeitura de Vila Velha e moradores.
Iniciada em meados deste ano, a pressão pela retirada da ciclofaixa partiu dos comerciantes, que alegaram queda nas vendas após a implantação da via exclusiva, que forçou a retirada de cerca de 60 vagas de estacionamento. O grupo defendia a transposição da ciclofaixa para a Rua Belém, paralela à Jair de Andrade.
Segundo cicloativista Fernando Braga, após a audiência, os comerciantes concordaram com a manutenção da ciclofaixa. Em contrapartida, eles apresentaram à prefeitura propostas como melhoria das ruas transversais, implantação da calçada cidadã (muitas pessoas caminham na ciclofaixa em função da precariedade da calçada); transferência do ponto de táxi da rua para a Rua Fortaleza.
Braga explica que a transposição da ciclofaixa para a Rua Belém seria inadequada. Embora paralela à Jair de Andrade, ela não começa na praia nem termina na Avenida Luciano das Neves. Ela desemboca em um valão. Além disso, com a implantação do sistema binário, o tráfego da Belém diminuiu, mas sua velocidade aumentou, o que colocaria em risco a segurança do ciclista.
Agravaria o quadro o fato de a via não ser contemplada com sinalização semafórica, nem sinalização horizontal ou vertical, como sua vizinha. Ali, portanto, pontua Braga, seria mais adequado implantar uma ciclovia e não uma ciclofaixa, o que elevaria os custos para o poder municipal.
Falando em sinalização, a da Jair de Andrade existe, mas ainda de maneira insatisfatória. Os cicloativistas também cobraram da prefeitura a correção da sinalização horizontal e vertical. A prefeitura apresentou aos comerciantes a proposta de implantar estacionamento rotativo na região, para que os carros não se apropriem das vagas. Aqui, os cicloativistas fizeram outra cobrança: a realização de um estudo para oferecer um percentual mínimo de vagas para bicicletas.
A razão é simples: pouco adianta implantar uma medida de restrição ao carro sem apresentar outras alternativas de mobilidade.
Em entrevista em julho, o secretário de Transportes e Trânsito da prefeitura, Romário de Castro, manifestou preocupação com a remoção da faixa exclusiva. Tanto que a administração municipal realizou uma consulta ao MPES acerca da possibilidade da eliminação da ciclofaixa e posterior implantação de outra numa via diferente, com o fim de evitar processos, como por improbidade administrativa. Na reunião desta terça, o órgão informou que uma ação nesse sentido seria passível de tal interpretação.