Em dia de protestos, grupo de comerciários pediu a anulação da eleição do sindicato pela Justiça do Trabalho
Demissões na Companhia Docas do Espírito Santo (Codesa), reabertura das instituições de ensino infantil, e anulação da eleição do Sindicato dos Comerciários no Espírito Santo (Sindicomerciários) agitaram Vitória, nesta quarta-feira (29), em protestos promovidos desde a praça do Papa, na Enseada do Suá, até o Parque Moscoso, na região mais central da cidade.
As manifestações atingem o governo do Estado, pela determinação de manter o fechamento de escolas por conta da Covid-19, a diretoria da Codesa e a Justiça do Trabalho, que, segundo sindicalistas, ainda não decidiu pela anulação da eleição da atual diretoria, realizada há três anos, apesar do parecer favorável do Ministério Público.
O protesto contra a Codesa reuniu em cima de um mini trio elétrico a diretoria do Sindicato dos Guardas Portuários (Singuarpor), em frente à empresa, onde protestaram contra as 19 demissões mais recentes das várias que a empresa vem fazendo, seguindo a programação que visa sua privatização em 2021. “É desumana a forma como as demissões estão sendo processadas”, destacou Rodrigo Pereira Brandenburg, diretor jurídico do sindicato.
Foram nove desligamentos na Guarda Portuária e 10 nos setores administrativo e operacional da Codesa, formalizados sem qualquer comunicação ao sindicato, “negociando diretamente com o empregado, a maioria com vários anos de casa”, como aponta Rodrigo, ressaltando os rumores de que haverá mais demissões nos próximos dias.
Já o protesto dos comerciários, reuniu no Parque Moscoso cerca de 60 pessoas, integrantes e apoiadores da Chapa 2, para cobrar da Justiça do Trabalho a decisão sobre a anulação da eleição da atual diretoria, realizada em 2017. A um ano da nova eleição do Sindicato dos Comerciários (Sindicomerciários), prevista para junho de 2021, a Justiça do Trabalho ainda não decidiu sobre a permanência da atual, denunciada por fraudes e irregularidades, que levaram o Ministério Público a pedir a anulação do pleito.
“Foram apontadas pelo Ministério Público mais de 26 irregularidades”, diz Luiz Antonio da Silva, integrante da chapa derrotada pela atual diretoria.
Adulteração de urnas, fraude na contagem de votos, proibição de eleitores da Chapa 2 de votar, atos de violência física e acusações de supostas corrupção com enriquecimento ilícito foram algumas das irregularidades identificadas na ação movida por Luiz Antônio da Silva e Gedson de Freitas.
O Ministério Público acatou a denúncia e opinou “pela procedência parcial dos pedidos das ações (…), postulando pela anulação do processo eleitoral”. O parecer dos procuradores Janine Milbratz Fiorot, Antônio Carlo Lopes Soares e Maria de Lourdes Hora Rocha considera que “foram verificados diversos indícios e provas de situações que atentam contra a lisura do processo eleitoral realizado em 2017 para composição da diretoria”.
A decisão esperada pelos integrantes da Chapa 2 colocaria um fim no embate com a atual diretoria pelo controle do sindicato, que reúne cerca de 110 mil trabalhadores de vários setores, com uma movimentação anual de mais de R$ 10 milhões. O pedido de anulação da eleição seria julgado em 2018, mas foi adiado por conta da substituição da juíza designada para o caso, Alda Pereira dos Santos Botelho.
A ação pedia uma liminar, em caráter de urgência, negada pela juíza. Segundo Gedson, a perícia designada pela Justiça para avaliar as provas do processo encontrou várias fraudes, entre elas o fechamento de urnas antes da 17 horas, prazo estabelecido pela Justiça, em vários municípios.
O atual presidente, Rodrigo Rocha, ocupava o cargo de tesoureiro na gestão de Jackson Andrade, que durou 10 anos. Na nova composição, Jackson passou para tesoureiro e Rodrigo foi alçado à presidência por meio da eleição, supostamente fraudulenta.
Na Praça do Papa, na Enseada do Suá, donos de creches, professores, pais de alunos e motoristas de van se posicionaram pela manhã e partiram em direção ao Palácio Anchieta, para pedir a reabertura das instituições de ensino e das creches. Esses estabelecimentos permanecem fechadas, pelo menos até o próximo dia 31 de agosto, por determinação do governo do Estado, como parte das medidas de defesa contra a Covid-19.