Presença constante nos encontros públicos que debateram o corte da Praça do Cauê em agosto do ano passado, o integrante do movimento Ciclistas Urbanos Capixabas (CUC), Rafael Darrouy, lamenta a manutenção do projeto. “Os encontros serviram para nos empurrar o projeto goela abaixo. A insatisfação da população ficou clara nos debates. A maioria foi contra”, lembra.
Em entrevista à Rádio CBN-Vitória nessa terça-feira (29), o prefeito Luciano Rezende (PPS) voltou a defender o projeto que divide a tradicional praça em duas para dar passagem a uma ampla avenida com vistas à implantação do BRT (vias exclusivas para ônibus), programa do governo estadual. O prefeito disse que a rua do Instituto de Educação Professor Fernando Duarte Rabelo vai virar calçadão para pedestres e a via oposta estacionamento local.
“Em nenhum lugar do mundo se tira uma praça para dar lugar aos carros. Só aqui”, continua, criticando o projeto, que vai sacar um lugar de convivência pública para dar lugar aos carros, numa cidade em que a frota veicular só fez crescer nos últimos 10 anos. Hoje Vitória tem cerca de 190 mil veículos.
Uma das mobilizações físicas e virtuais do ano passado em defesa da Praça do Cauê, a Você Praça Eu Acho Graça encheu a praça em um domingo com inúmeras atividades lúdicas. A partir de então, a Praça do Cauê virou Praça do Ciclista, expressando um modelo de mobilidade urbana para a cidade que priorize pedestres e ciclistas em detrimentos da motorização.
Darrouy alerta para a desumanização da cidade, caso siga em frente o projeto de violação da praça: ninguém vai querer frequentar um lugar com três vias de um lado e três do outro, por mais que seus equipamentos sejam preservados. Abrir avenidas traz poluição atmosférica e sonora. Desumanizar a cidade, conclui, também significa criar espaço para a criminalidade.