Ao fim de uma reunião que até então transcorrera em tom leve e informal, o presidente da CPI dos Táxis, vereador Devanir Ferreira (PRB), se deu a expansões. Empostou a voz como se estivesse na tribuna da Câmara de Vitória: “Essa junção e essa reunião vão fazer com que as pessoas acreditem que ela é para valer. Não é politiqueira”. Devanir, claro, se referia à CPI que ele preside, que nasceu já ferida por uma crise de legitimidade.
O vereador do PRB é cúmplice do objeto da CPI, que é investigar irregularidades em contratos de permissão de táxis de Vitória.
Além da crise de legitimidade, uma mancha de inação também atinge a CPI dos Táxis. Embora lide com o tema há mais tempo que a CPI dos Guinchos, os trabalhos na Câmara ainda não engrenaram. A movimentação dos vereadores diz que a colaboração da CPI dos Guinchos pode dissipar a nuvem de suspeição que cerca a comissão do legislativo municipal e conferir credibilidade aos vereadores.
A reunião entre os três membros da CPI dos Táxis, Devanir, o relator Serjão Magalhães (PTB) e o membro Reinaldo Bolão (PT), com o presidente da CPI dos Guinchos, Enivaldo dos Anjos (PSD), aconteceu na manhã desta sexta-feira (29) na Assembleia Legislativa por solicitação da comissão da Câmara. A ideia, como destacou Serjão, é que a CPI dos Guinchos provisione a dos Táxis com documentos, depoimentos e outras informações para que os vereadores não comecem seus trabalhos do zero.
“É juntar o que já tem para não partir do zero e gostaríamos de contas com a ajuda de vossa excelência nessa direção”, disse o relator a Enivaldo, que se dispôs à ajuda e se oferecer a prestar depoimento na Câmara.
Enivaldo também destacou que a CPI recebeu denúncias anônimas de que vereadores da capital comandam tanto organização do mercado de táxi em Vitória e quanto a recente licitação. A declaração respinga no líder do governo Luciano Rezende (PPS), Rogerinho Pinheiro (PHS), no ex-secretário municipal de Transportes Max Da Mata (PDT) e no próprio presidente da CPI dos Táxis, Devanir Ferreira.
O presidente da CPI dos Guinchos resumiu as investigações da comissão da Assembleia sobre as irregularidades do serviço de táxi de Vitória . Citou denúncias que contestam o critério de língua estrangeira da licitação como estratégia deliberada para inflar pontos de candidatos, que é caso da primeira colocada do certame. “Isso é declaradamente beneficiamento”, disse Enivaldo.
Destacou que licitantes completaram cursos de inglês em francês em 60 dias e ainda tiveram os certificados aprovados pelo certame. Condenou também a mudança de regras do edital durante o andamento do processo justamente para conferir mais peso à pontuação em língua estrangeira.
Citou ainda exemplos de um taxista que trabalha há 28 anos e ainda não tem placa, caso típico de Vitória: defensores que vivem para trabalhar e enriquecer o dono da placa. “Quase um trabalho escravo”, disse Serjão. Enivaldo também relatou o depoimento à CPI dos Guinchos de Valdir Jorge Souza, dono de 11 procurações de táxi em Vitória, o cerco de setores da Secretaria Municipal de Transportes (Setran) a taxistas de fora de Vitória para proteger o mercado de táxi da capital.