Na sessão desta terça-feira (28), a CPI dos Táxis, na Câmara de Vitória, ouviu o defensor Sérgio Antônio Gomes, que tinha procuração para administração da permissão 0340, registrada em nome de Jedilson Lemos Pimentel, cuja validade expirou em janeiro deste ano. Segundo declaração da esposa de Jedilson enviada à comissão, o permissionário está desde 1997 em Moçambique em “missão religiosa” por uma congregação.
Gomes disse que Jedilson às vezes retorna ao Brasil e que, quando presente, dirige o veículo. Hoje o defensor trabalha em regime de comissão nos veículos 0340 e 0098, pertencente a um Ataíde. “Mas é o Ataíde José Campos, não é o Ataíde da Rodoviária, não”, advertiu, imediatamente, aos vereadores. Já ao final da oitiva, Gomes diria que conhecia o “Ataíde da Rodoviária” por boatos, segundo os quais ele “teria vários táxis”.
Provavelmente Gomes se refere a Ataíde Mateus, um dos grandes administradores de permissões de táxi de Vitória. Ataíde Mateus administraria cerca de 15 a 20 veículos, segundo taxistas. Defensor há 15 anos, Gomes disse que é muito conhecido na praça e que inspira confiança nos colegas, razão pela qual recebia procurações para administrar permissões. Mas, destacou, não era remunerado pelo trabalho.
Segundo documentos a que Século Diário teve acesso, em 25 de junho de 2013 o vereador Rogerinho Pinheiro (PHS), líder do governo Luciao Rezende (PPS) na Câmara, substabeleceu a Gomes a procuração da permissão 0380, registrada em nome de Celso Machado Castelan.
Primeiro o defensor explicou que, antes da eleições de 2012, ele e o vereador dividiam o veículo no mesmo ponto. Uma vez eleito, o vereador deixou o trabalho e Gomes assumiu o veículo. Mais adiante, o depoente disse que se equivocou: ele e Rogerinho trabalhavam no mesmo ponto, em veículos diferentes. Após as eleições, ele assumiu o lugar do vereador no táxi de Castelan. Gomes também já foi procurador do táxi 0380, mas, segundo ele, a delegação já expirou.
A CPI também ouviu a permissionária Brena Emilia Guerini, da placa 0292. A convocação de Brena foi motivada por uma denúncia recebida em áudio pela comissão na sessão passada, segundo a qual o suposto gestor da placa ameaça com xingamentos o defensor endividado com diárias. O homem, segundo a comissão, foi identificado como “Zico”.
Farmacêutica desempregada, Brena disse que recebeu a permissão do pai, taxista por 32 anos, por transferência. Segundo ela, seu pai foi acometido por um AVC, que o impossibilitou de continuar na profissão. Ela disse que dirigia táxi, mas há 10 meses está longe do volante em função de uma doença da filha. No entanto, não soube citar nome de taxistas do ponto em que o veículo opera, na Rua Eugênio Netto, Praia do Canto.
Quando dirigia, ela disse que trabalhava no início da manhã, antes do trabalho, e aos finais de semana, porém, não todos os dias.
Brena disse que um primo a ajuda a administrar a permissão realizando serviços burocráticos e manutenção do veículo. Ela reagiu com surpresa à denúncia apresentada pela CPI e confirmou que “Zico” é o nome do parente. Disse ainda que não sabia das ameaças e desconhecia o áudio. Brena garantiu que o primo não vai mais ajudá-la na administração do táxi.
Ela explicou que cobra diária de R$ 200 aos dois defensores que trabalham no veículo, mas que ganha pouco mais de R$ 2 mil líquidos por mês. O vice-presidente da CPI, Reinaldo Bolão (PT), estranhou e questionou sobre a destinação do restante da renda, pouco mais de R$ 4 mil. Brena sustentou que o recurso é destinado para a manutenção do veículo. Bolão, então, solicitou que ela disponibilize seu o imposto de renda à CPI.