Projeto oferece preparação gratuita para estudantes de baixa renda no bairro do Bonfim, em Vitória
O cursinho Tereza de Benguela abriu uma chamada online para novos educadores que querem atuar em 2022. O projeto de educação popular oferece aulas gratuitas para alunos que vão fazer o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), em uma proposta que luta pela democratização do conhecimento.
“O cursinho funciona como uma ponte, para fazer com que esses estudantes tenham um pouco mais de chance de alcançar aquilo que eles almejam e que é direito deles, que é a Universidade”, aponta a coordenadora do Tereza de Benguela, Maria Isabel Cardoso.
Podem se inscrever estudantes de licenciatura de qualquer área, além de profissionais ou alunos de outras profissões, já que o projeto também conta com colaboradores em frentes como cultura, comunicação e apoio psicossocial. As inscrições devem ser feitas por meio do preenchimento de um formulário online até o dia 24 de janeiro.
Este ano, as atividades no cursinho começam no segundo final de semana de março, com aulas presenciais no bairro do Bonfim, em Vitória. A ideia é que, ao longo do ano, também sejam realizadas formações e capacitações de professores, bem como atividades culturais, como o Slam Quariterê, que contou com a quarta edição em dezembro.
Para Maria Isabel, projetos como o Tereza de Benguela são fundamentais para a democratização do conhecimento, principalmente considerando que a maioria dos estudantes que frequentam às aulas são negros, de baixa renda e matriculados em escolas públicas. “Muitas vezes o estudante desiste de estar na Universidade, desiste de fazer uma prova do Enem por achar que não vai conseguir e quando ele vê que tem mais pessoas, quando ele vê que tem o apoio dos educadores do cursinho, ele ganha um ânimo”, enfatiza.
Além de fomentar o acesso desses jovens ao ensino superior, a experiência de estar em um cursinho popular também faz com que o aluno consiga desenvolver um novo olhar sobre a realidade, por meio de uma perspectiva mais crítica.
“O mais importante do cursinho pra vida de um estudante de baixa renda é o fato de tocar em um ponto que é educação, o desenvolvimento daquele aluno, e ainda organizar a revolta que ele sente por ver a comunidade dele sendo mal cuidada, a escola dele sendo mal cuidada e saber que ele tem o direito de ter uma escola bem cuidada, uma comunidade bem cuidada. E é a partir da luta dele pra dentro da universidade, pintando a universidade de povo, pintando a universidade de mulheres e homens negros, que a gente vai conseguir promover transformações”, enfatiza Maria Isabel.