A sessão dessa semana da CPI dos Táxis, na Câmara de Vitória, jogou luz sobre um dos principais mecanismos de fraude em contratos de permissão de táxi em Vitória e pode ter conferido direção a um trabalho que até aqui parecia desorientado. O depoimento do autônomo Wellithon Pacheco Calixto, permissionário da placa 0087, abriu o esquema das procurações.
Calixto confirmou que é apenas “laranja” no esquema. O verdadeiro dono da permissão é o cunhado, que aluga a placa a R$ 1.750 por mês a um homem chamado “Ataíde”.
Em sessões anteriores, a comissão ouviu sindicatos de taxistas, em depoimentos importantes, mas pouco frutíferos para a elucidação geral do serviço em Vitória. Na tentativa de apurar a conduta da Associação Permissionários Táxi Aeroporto (Apta), acusada de privilegiar corridas mais caras para seus diretores, convocou até funcionárias da entidade, o elo mais fraco da cadeia.
A sessão dessa semana pode ter sido o fio do novelo das procurações para a CPI dos Táxis. Ali, os vereadores tiveram uma noção inicial de uso de laranja e, principalmente, de valor de aluguel. Um procurador de duas permissões, por exemplo, produz por mês cerca de R$ 4 mil, considerando a diária média de Vitória de R$ 200 e a manutenção do veículo de R$ 2 mil mensais.
A CPI da Máfia dos Guinchos, na Assembleia Legislativa, até entrou no assunto das procurações ao colher o depoimento de Valdir Jorge Souza, que foi apontado como dono de 11 mandatos de táxi. Os deputados pediram a quebra dos sigilos bancário, fiscal e telefônico do taxista, mas, por ora, não avançaram. A comissão redirecionou o foco para a licitação de táxi em Vitória, alvo de denúncias de fraude.
A CPI dos Táxis agora tem um amplo campo de investigação, que pode implicar, inclusive, o líder do governo Luciano Rezende (PPS), Rogerinho Pinheiro (PHS), que recebeu duas procurações para administrar táxis. As 125 procurações a que Século Diário teve acesso indicam cerca de 30 casos suspeitos, o que pode gerar uma movimentação financeira de cerca de R$ 70 mil mensais.