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Depois de criar, Prefeitura de Conceição da Barra quer extinguir Secretaria de Cultura

Apesar de ser um município com forte matriz cultural e manifestações folclóricas enraizadas, Conceição da Barra (norte do Estado) não tinha, até o ano passado, uma Secretaria de Cultura. No entanto, em 2013 o vereador Amauri Gomes Januário (PPS) fez uma proposição à prefeitura para a criação da secretaria e o prefeito Jorge Donati (PSDB) acatou, enviando projeto de lei para criação da pasta à Câmara de Vereadores. 
 
O projeto foi aprovado e a secretaria foi criada. No entanto, não houve adesão da secretaria ao Sistema Nacional de Cultura – necessária para que fossem implementados colegiados como o Conselho Municipal de Cultura, a Conferência Municipal de Cultura e o Fundo Municipal de Cultura. 
 
O vereador Amauri conta que a adesão ao sistema não foi feita e a surpresa foi o recebimento na Câmara de um projeto de lei de autoria do executivo municipal há cerca de duas semanas alterando a estrutura da secretaria, fundindo as secretarias de Cultura e de Turismo em uma única pasta. A partir deste novo arranjo, a Secretaria de Cultaria seria transformada departamento, voltando à estaca zero. 

 
O fato é uma contradição, já que a premissa para a criação da Secretaria de Cultura foi o argumento de que Conceição da Barra é um município que depende fundamentalmente da cultura. Em Conceição da Barra ainda sobrevivem grupos folclóricos como Reis de Boi, Ticumbi (foto acima), Jongo e Pastorinhas, em uma das mais efervescentes cenas culturais do Estado. A criação da Secretaria foi uma forma de a cultura gerar receita para o município. 
 
Conceição da Barra tem atualmente poucos espaços que não estejam ocupados pelo plantio de eucalipto (matéria-prima industrial para a Aracruz Celulose – atual Fibria, e Suzano Papel e Celulose) e que não recolhe Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), ou seja, não gera retorno para o município.     
 
Já as manifestações culturais e folclóricas se multiplicam no município. Uma síntese disto é a Vila de Itaúnas, em que há turismo e ao mesmo tempo é um grande centro de folclore, com manifestações do Ticumbi e Jongo, que coincidem o período de férias escolares com o de “reizado”.
 
O projeto que unifica as secretarias e cria o departamento de Cultura foi rejeitado pela Câmara, mas a prefeitura enviou novamente a proposta para a Casa e ela poderia ter sido votada nesta quinta-feira (13), mas foi retirada de pauta. A proposta, no entanto, ainda pode ser votada nas próximas sessões. 
 
Este episódio se torna ainda mais paradoxal pelo fato de o prefeito ter sido simpático a evolução da atividade cultural ao adquirir o local que já foi um trapiche e no qual funcionava um hotel e ter transformado em um centro cultural de grande importância para o município. É neste local que o Ticumbi desembarca até hoje para se apresentar. 
 
Hermógenes Lima Fonseca
 
O vereador Amauri também é autor de um projeto de lei que denomina o Centro Cultural localizado no velho trapiche, que passaria a chamar Hermógenes Lima Fonseca (foto à esq.). Segundo o vereador, o nome foi sugerido pelo fato de Hermógenes ser um grande folclorista, nascido em Conceição da Barra. 
 
O projeto foi aprovado por unanimidade na Câmara, mas o prefeito Jorge Donati se recusou a sancioná-lo. Em contrapartida, o prefeito enviou para a Câmara um projeto de lei que dá o nome da antiga dona do imóvel em que funcionava o hotel, no velho trapiche, ao Centro Cultural. 
 
O veto do prefeito ao nome de Hermógenes ainda deve ser apreciado novamente pela Câmara, que pode derrubar o veto. O vereador acredita que a Casa não vá acatar o veto, até porque foram todos a favor de prestar a merecida homenagem a Hermógenes Lima Fonseca.      

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