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DER-ES amplia mais uma vez prazo de conclusão das obras da Leitão da Silva

Fotos: Leonado Sá/Porã

O trecho em frente ao Supermercado São José, em Santa Lúcia, concentra talvez o único ponto positivo das obras que se estendem há mais de um ano na Avenida Leitão da Silva. Bloqueado desde dezembro, converteu-se em um amplo estacionamento gratuito, os carros parados a 45° de frente para o valão. Mas basta olhar para dentro do supermercado e verificar: o lado bom das obras termina mesmo aí.

Antes, os motoristas podiam estacionar sobre a calçada; hoje, passam ao largo, na faixa esquerda dividida em duas. Agora, a calçada do supermercado é metade cimento, metade areia, transtorno contornado pela tábua de madeira improvisada sobre a areia.

Não é preciso nem entrar no tradicional supermercado para constatar o movimento fraco. Vê-se da calçada o vazio lá dentro. Na manhã dessa terça-feira (12), três ou quatro clientes vagavam entre as prateleiras. “Afetou demais, cerca de 40%”, projeta o gerente, Romildo Gomes. Para não demitir, completa, foi preciso remanejar funcionários para outras filiais.

Uma reunião nessa terça entre representantes da Associação dos Empresários da Leitão da Silva e Imediações (Assemples) e do Departamento de Estradas e Rodagem do Estado do Espírito Santo (DER-ES) estendeu mais uma vez o prazo para conclusão das obras: janeiro de 2017. No início de março, o governo colocou o fim das obras para o final do ano. Duas semanas atrás, veio nova data: o final deste ano.

O encontro pelo menos trouxe um alento. O governo apresentou um prazo de 10 a 15 dias para conclusão das obras no trecho entre o Supermercado Carone e o Posto Leitão. O trecho é pequeno, mas na atual conjuntura, está ótimo. Hoje a obra foi transferida da Secretaria Estadual dos Transportes e Obras Públicas (Setop) para o DER-ES.

Iniciado em março de 2014, o projeto de ampliação da Leitão da Silva tinha previsão de término de 18 meses. É primeira intervenção oficial para receber o Sistema BRT (vias exclusivas para ônibus). Os três quilômetros da avenida receberão mais uma pista de rolamento, totalizando três faixas para cada sentido de tráfego, ciclovia, requalificação dos passeios, cobertura da galeria. Haverá ainda obras de macrodrenagem.  

 

 

Próximo ao São José, o proprietário da Armazém Bicicletas, Marcelo Abaurre, minimiza. O caos de máquinas, alterações de trânsito, engarrafamentos, buracos na pista mais desviam do que atraem os motoristas. Uma vez dentro da Leitão da Silva, o que mais se quer é sair. “Afetou muito, a poeira atrapalha, o movimento cai. Mas é como um remédio amargo que temos que tomar”.  

Um vendedor sai de trás do balcão e vai à entrada, disposto a mostrar na prática um efeito das obras. “Semana passada, o cliente olhou para esta aqui e perguntou: ‘Quantas trilhas essa aí já fez?’. Nenhuma. Elas são novas”, diz. Uma poeira grossa e visível a olho nu cobre aros e quadros das bicicletas enfileiras. “Os clientes pensam que a bicicleta é velha”, completa. 

O mesmo remédio amargo está sendo ministrado à Tânia Rodrigues e seu singelo restaurante, vizinho à Armazém Bicicletas. Ela responde Questionada sobre o impacto das obras em seu negócio, ela aponta o dedo para as mesas vazias: “Ó, aqui”. Teve que demitir a cozinheira e assumir a cozinha. Mantém a custo os quatro funcionários restantes. Às vezes, o marido ajuda nas despesas.

Às 11h30, apenas dois clientes almoçavam; em condições normais, àquela hora as mesas estariam tomadas. Clientes das lojas ao lado almoçavam ali; funcionários também, como os da Frigelar, loja especialista em refrigeração. O problema é que Frigelar não aguentou a queda no movimento. Fechou. Hoje o imóvel está em oferta para aluguel.

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