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Desistência da compra do Saldanha abre espaço para rediscutir uso do edifício

Como medida imediata para tentar disfarçar o fiasco do acordo de concessão do Saldanha da Gama para a Federação do Comércio do Estado (Fecomércio-ES), o prefeito de Vitória, Luciano Rezende (PPS), veio a público tal qual comerciante para anunciar que a municipalidade está correndo atrás de convênios para poder dar utilidade ao edifício histórico comprado pela prefeitura em 2006 mas sem uso há cinco anos.

Ao longo dos últimos anos foi feita uma licitação no valor de R$ 5 milhões para venda do prédio, sem interessados. O valor foi reduzido a R$ 3,5 milhões diante do interesse manifestado pela Fecomércio, que chegou a anunciar a compra. Alegando problemas burocráticos, a venda foi transformada em doação, mas diante das dificuldades da economia e incertezas em relação ao Sistema S, do qual faz parte o Sesc, que administraria o espaço, o processo foi cancelado. A intenção era transformar o espaço em Museu da Colonização do Solo Espírito-Santense.

Diante da brecha, lideranças comunitárias voltam a reclamar da falta de diálogo da prefeitura sobre o imóvel. “Não estamos felizes nem insatisfeitos, porque nenhuma discussão para apreciação do que a sociedade pensa foi feita”, diz Lino Felleti, presidente da Associação de Moradores do Centro de Vitória (Amacentro). Ele diz que nas conversas com a sociedade não parecia haver muito interesse no museu proposto, que pelo nome já excluía os povos que viviam no Estado antes da colonização. Agora, o líder comunitário se pergunta: “que projeto a prefeitura pode pensar agora? Vai fazê-lo novamente sem discutir com sociedade?”.

Cristiane Martins, da Cuca – Associação Cultura Capixaba, aponta no caso do Saldanha “falta de planejamento e tentativa de resolver a situação de qualquer forma, sem nenhum diálogo com a sociedade”. Ela afirma que o local poderia servir, por exemplo, como um espaço para fortalecer a economia criativa nos moldes do Porto Digital de Recife ou do Distrito Criativo de Florianópolis, que contam com participação do poder público.

Ela vê o momento como uma oportunidade da prefeitura se redimir. “Por isso tudo, vemos esse imbróglio como uma possibilidade de discussão com a sociedade sobre o que se pensa, deseja e quer para o Saldanha a ser provocada pela gestão com munícipes, coletivos culturais, sociedade civil organizada e outros”, indica.

Mercado da Capixaba também provoca polêmica

Atualmente fechado e com processo de restauração anunciado pela PMV, o Mercado da Capixaba, no Centro de Vitória, vai ser tema de uma audiência pública realizada nesta segunda-feira (8), às 19h, na Câmara de Vereadores.

Lino Felletti, da Amacentro, diz que embora tenha sido divulgado um desenho e uma estimativa de valor de R$ 3,5 milhões para as obras do mercado, que começariam no ano que vem, não foram apresentados ainda estudos de impacto para a comunidade e documentos que mostrem a evolução do projeto.

Cristiane Martins, da Cuca, reclama de que novamente o projeto de restauro e reforma foi feito e aprovado sem que a sociedade e comunidade do entorno fossem consultadas. O modelo de licitação mais provável, de administração única, similar ao utilizado para quiosques da Curva da Jurema e Camburi, tampouco agrada. “Parcerias com a iniciativa privada são importantes, mas que as mesmas aconteçam em consonância com os interesses da sociedade, e não apenas para atender aos interesses financeiros das concessionárias”.

Entendendo o espaço como público e as atividades ali desenvolvidas como lucrativas, ela questiona por que não deixar a gestão sob responsabilidade do poder público de forma participativa, contando com um comitê gestor que tenha presença da sociedade civil.

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