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Destaque eleitoral de 2012 em Vitória, bicicleta ‘desce de nível’ e ganha tratamento burocrático

Destaque das campanhas eleitorais de 2012 na área de mobilidade urbana, a bicicleta desceu um nível nas eleições deste ano em Vitória e ganhou apenas menções burocráticas. Nas eleições daquele ano, havia uma demanda clara, ainda que difusa e descoordenada, por melhoria da infraestrutura cicloviária de Vitória. Seria de se esperar que, quatro anos depois, agora com grupos organizados, avanços, embora acanhados, das condições para pedalar e mais gente pedalando, as propostas se sofisticassem para consolidar a bike como meio de transporte.
 
Mas não. Para refrescar a memória: desde 2012, com uma impulsão especial produzida pelas Jornadas de Junho de 2013, uma série de projetos e iniciativas elevou o patamar da infraestrutura cicloviária de Vitória. 
 
Foram inauguradas a ciclovia entre a Ponte da Passagem e a Praça dos Namorados, na Praia do Canto, a ciclovia das Docas, no Centro de Vitória, implantado o Bike Vitória, elaborado o Mapa das Ciclorrotas – este, embora um projeto do governo estadual, demarca as rotas mais  adequadas para as viagens de bicicleta em regiões sem ciclovia ou ciclofaixa na Grande Vitória.
 
O uso da bicicleta como meio de transporte se popularizou, mas sem um acompanhamento à altura de políticas públicas. Pedalar já foi mais arriscado, mas ainda é bom não vacilar. Vitória se ressente de ciclovias e ciclofaixas desconectadas entre si, que leva o ciclista muitas vezes a disputar espaço com os carros no asfalto, sinalização vertical e horizontal precária e, tão importante quanto, ausência de campanhas de educação no trânsito. Motoristas e ciclistas ainda se estranham nas vias; ciclistas e pedestres, idem nas calçadas.
 
Em maior ou menor nível, as propostas de todos os candidatos à Prefeitura de Vitória se assemelham umas às outras: reconhecem a necessidade de integração da rede cicloviária municipal e, portanto, prometem ligar ciclovias e ciclofaixas entre si. Beleza. Mas não dizem quais serão implantadas, em que bairro, rua ou avenida. 
 
Isso é importante: há uma clara demanda por vias exclusivas para bikes em eixos como a Avenida Maruípe – que, no final de agosto, recebeu uma demarcação de ciclofaixa em um protesto de ciclistas e cicloativistas, chamando a atenção justamente para o risco de se pedalar na área – ou em bairros como Jardim da Penha, para ligar a ciclovias da Avenida Fernando Ferrari à da Praia de Camburi.
 
As propostas de Amaro Neto (SD), até aqui líder nas pesquisas, são confusas. “Ciclovias e ciclofaixas precisam estar mais interligadas e conectadas às ciclorotas (sic), porque dessa forma serão instrumentos de melhoria da mobilidade. Vamos criar ciclorotas (sic), mesmo que compartilhadas em ruas internas dos bairros, encontrando com ciclovias segregadas e ciclofaixas nas vias de maior densidade, privilegiando o transporte de bicicletas”.
 
É como se todas as ciclovias e ciclofaixas de que a cidade precisa já existissem. E as ciclorrotas já foram criadas ou, pelo menos, delineadas: basta sinalização horizontal e vertical. E ciclorrotas, uma vez que funcionam como espécie de fuga para ciclistas, fazendo do interior dos bairros uma rota segura contra a incerteza de avenidas sem ciclovias/ciclofaixas, são majoritariamente compartilhadas em ruas internas dos mesmos.
 
Lelo é econômico. Promete tão-somente “estudar e viabilizar, quando possível, a integração de bairros por ciclovias na cidade, levando sempre em conta a segurança dos ciclistas”.
 
As propostas do candidato à reeleição Luciano Rezende (PPS) são igualmente vagas. “Avançaremos no investimento em intervenções de infraestrutura para mobilidade não motorizada com a intensificação de obras cicloviárias, com o objetivo de conectar toda a cidade de forma a permitir a mobilidade diária da população para o trabalho, estudos, práticas esportivas e lazer”.
 
André Moreira (Psol) também desliza na imprecisão. “Melhoria do sistema de circulação de bicicletas e pessoas em bairros e vias estratégicas para incentivar os modos não-motorizados de deslocamento e a integração entre os modos”. Perly Cipriano (PT) é um caso grave: seu programa sequer cita a bicicleta, mesmo tendo a gestão João Coser (PT) elaborado estudos sobre as viagens de bicicleta e, o principal, um projeto de anel cicloviária de Vitória. Vai entender.
 
André e Luciano são os únicos que prometem ações para além de integração da rede cicloviária. O atual prefeito promete implantar mais zonas de velocidade segura – até aqui apenas o Bairro de Lourdes recebeu o projeto. Garante, ainda, realizar campanhas de educação no trânsito, pelas quais foi muito cobrado neste mandato por ciclistas, mas não cumpriu. Quem anda de bicicleta sabe que é tensa a convivência entre ciclistas e pedestres na calçada compartilhada da Avenida Marechal Mascarenhas de Moraes, no Centro. Uma situação que reclama o cumprimento de promessas.
 
André também promete campanhas de conscientização e, ainda, de incentivo ao uso de meios não motorizados de transporte.
 
Como fazem todos os anos, ciclistas e cicloativistas de Vitória se reúnem no Dia Mundial Sem Carro, que cai nesta quinta-feira (22), para lembrar que a capital capixaba é não só hostil com seus ciclistas, como também ainda projetada para o transporte individual motorizado. O Bicicletada Mundial Sem Carro vai fazer uma volta na cidade para pedir melhorias na infraestrutura cicloviária da cidade.
 
O ponto de encontro é o Teatro Universitário da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), a partir das 18h, onde os participantes irão discutir trajeto e ações.

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