Registros realizados no Espírito Santo fazem parte de websérie nacional da Articulação por Direitos na Pandemia
O impacto da Covid-19 nas comunidades que possuem moradias precárias é o tema do capítulo capixaba da websérie lançada pela Articulação por Direitos na Pandemia em parceria entre BR Cidades, Habitat para a Humanidade Brasil e Fundação OAK. Dos seis capítulos desenvolvidos em diferentes estados, o Espírito Santo dá voz a ativistas e especialistas para refletir sobre como as condições de habitação expõem mais a população periféricas a diversos riscos, o que foi amplificado no caso da pandemia.
O resultado do trabalho, um documentário de 15 minutos de duração, será divulgado nesta quarta-feira (11), no YouTube do programa Habitat Brasil e no Facebook do BR Cidades.
No Estado, foram entrevistados Lia Oliveira, ativista de Flexal II, em Cariacica, João Batista, presidente do Movimento Comunitário de Resistência, bairro de Vitória, Crislayne Zeferina, ativista social do Território do Bem, também em Vitória, e Ivan Rocha, arquiteto e integrante da organização Onze8. Com imagens dos territórios e depoimentos de quem ali vive, o trabalho registra dificuldades e perspectivas para a situação das moradias precárias e mostra como a população periférica tem feito para sobreviver diante da pandemia.
O “fique em casa” se torna muito mais difícil quando as moradias não possuem água, ventilação adequada ou com grande concentração de habitantes e poucos cômodos. O documentário foi até os territórios para conhecer a realidade e entrevistar lideranças atuantes.
Para o diretor da obra, Stel Miranda, o tema do capítulo do Espírito Santo veio a calhar, pois converge com a situação das favelas do Estado, onde a rua é uma extensão dos lares. “Muitas pessoas moram na periferia e voltam pra casa só para dormir”, diz. Com a pandemia isso mudou, tanto no confinamento inicial, no qual os moradores tiveram que se adaptar a estar dentro de casa por mais tempo, como na chance maior da contaminação se espalhar por esses territórios, diante das condições precárias de moradia.
Stel Miranda destaca que a produção do documentário contou com uma equipe de seis pessoas, todas com experiência no audiovisual e moradoras de regiões periféricas da Grande Vitória. “O mais importante é que a produção foi feita dentro da favela, com a própria favel falando dela mesmo. Todo mundo diz que a gente está morrendo e a gente está vivo, fazendo cinema. Contrariando as estatísticas”, pontua o diretor.
Segundo ele, o material coletado foi reduzido para o formato e tamanho da websérie, com 11 minutos de duração, mas há intenção do grupo de profissionais em produzir um vídeo com tamanho ampliado.