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Dpvat aponta que 70% das indenizações são destinadas a acidentes com motos

A empresa de Seguro de Danos Pessoais Causados por Veículos Automotores de Via Terrestre (Dpvat) divulgou, nesta terça-feira (26), um balanço sobre os sinistros do ano passado. Segundo a empresa, 69% das indenizações pagas, de 2011 a 2012, foram destinadas a acidentes com motos. “Estamos diante de uma doença epidêmica e generalizada e não vemos ações drásticas do Estado para contê-la”, disse um dos diretores da Associação Brasileira de Medicina no Trânsito (Abramet), o médico Dirceu Rodrigues Alves.

 
 
No Espírito Santo, os acidentes com motos superam os de automóveis em quase três vezes. Em 2012, o Sistema de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) fez 6.840 atendimentos a motociclistas vítimas de acidentes de trânsito contra 2.357 envolvendo carros.
 
A Associação Brasileira de Medicina no Trânsito estima que em todo o País, nos próximos seis meses, 69% dos motociclistas se envolvam em algum acidente, com lesões leves, médias ou graves. O cálculo foi feito com base em uma amostragem com 800 condutores de motos, em 1993. De acordo com Alves, a projeção condiz com a situação atual e pode, inclusive, ser otimista diante dos 19 milhões de motocicletas que trafegam hoje no País. As motos já respondem por 27% da frota nacional de veículos.
 
O aumento do número de acidentes envolvendo motociclistas também tem sido responsável pela grande ocupação dos leitos hospitalares da rede pública de saúde. De acordo com Dirceu, 73% dos atendidos chegam em estado grave aos hospitais, ocupando 40% das vagas das unidades de Terapia Intensiva (UTIs) públicas. A maior parte dos motociclistas (40,6%) sofre lesões graves nas pernas ou sequelas, como amputações e paraplegia. O tratamento, assim como a recuperação, é lenta e cara, o que compromete a rotatividade dos leitos, aumentando o colapso do sistema de internação.
 
No Estado, segundo a Secretaria de Saúde (Sesa), os hospitais públicos da Grande Vitória gastam cerca de R$ 6 milhões por mês só para atender pacientes motociclistas. 
 
A realidade do Espírito Santo se repete em outros estados do País. Os acidentes com motos pesam nas contas do Sistema Único de Saúde (SUS). Dos gastos na rede pública com acidentados, 48% são com motociclistas, situação que se acentua no Nordeste. No Piauí, a fatia chega a 84,26% e, em Pernambuco, o número de acidentes, em três anos, subiu 1.286%.
 
Para o diretor da Abramet, podem contribuir para reduzir o número de acidentes o uso de faixas exclusivas nas cidades, exames periódicos para motociclistas, penas mais duras, jornadas reduzidas para quem trabalha com motos e investimento em educação no trânsito desde a educação infantil.
 
“A moto será uma necessidade futura para o nosso trânsito. Não somos contra a moto. Somos a favor que a moto seja regulamentada para servir à população como um todo. A moto nas ruas não pode ter a conotação de uma atividade radical. A moto é ágil, mas é frágil”, argumenta Dirceu.

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