No dia 31 de julho, o jovem Alysson Loureiro, 14 anos, morreu atropelado por um caminhão em Santa Inês, Vila Velha. Exatamente duas semanas depois, e também em Vila Velha, outro caminhão atropelou outro ciclista, um homem ainda não identificado: foi na tarde dessa quinta-feira (14) na Rodovia Darly Santos.
Mas, importante ressaltar, se em Santa Inês o veículo não respeitou a distância de 1,5 metro do ciclista, na Darly Santos o ciclista cometeu um erro fatal, trafegando no canteiro central em direção à Rodovia do Sol, sendo que a via possui ciclovia. Para cicloativistas, no entanto, as mortes em Vila Velha poderiam ser evitadas se houvesse sinalização adequada e campanhas educativas orientado não apenas motoristas, mas também o ciclistas.
“A ciclovia da Darly Santos é um passeio preto, sem sinalização alguma”, critica o cicloativista Fernando Braga. E, segundo ele, Santa Inês, ao mesmo tempo que registra fluxo intenso de ciclistas, acumula problemas que vão de encontro ao uso da bike: audência de fiscalização e sinalização, estacionamento permitido nas ruas, mesmo que estas sejam estreitas, tráfego de veículos em alta velocidade.
“Vila Velha precisa de uma política agressiva de orientação para ciclistas e motoristas”, alerta Detinha Son, do Ciclistas Urbanos Capixabas (CUC), destacando que Vila Velha é a cidade com maior número de ciclistas da região metropolitana. A maioria, trabalhadores, ou seja, ciclistas que se valem da bicicleta como meio de transporte.
Detinha diz que no evento que acontece na Prainha neste sábado (16) para produção artesanal de placas de trânsito, outra ação será discutida para ocorrer em data ainda não definida; os cicloativistas do Espírito Santo vão conceder a Vila Velha o título de cidade que mais mata ciclistas no Espírito Santo. “É para ver se as autoridades acordam”, critica.
Fernando dá outro exemplo, que se espalha pelos demais municípios da região metropolitana, de como a bicicleta não é tratada com o mesmo zelo que o carro em Vila Velha. Ele afirma que, na ciclovia da Avenida Jair de Andrade, em Itapoã, placas alertam o ciclista para o ponto de ônibus. Ele vê aí uma inversão da lógica prescrita pelo Plano Nacional de Mobilidade Urbana, segundo a qual os não motorizados têm preferência sobre os motorizados.
Para Braga, as duas mortes em poucos dias em solo canela-verde evidencia um conjunto de problemas de política cicloviária em Vila Velha. “Significa ausência de políticas públicas, seja de fiscalização, sinalização, planejamento ou construção de ciclovias”, pondera.