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Enquanto Luciano publica ‘lives’ no Facebook, Papo Furado jaz em caixão no Centro de Vitória

Iniciado às 23h de sexta-feira (20) na Praça Ubaldo Ramalhete, o Cadeiraço na Ubaldo terminou com uma imagem fortíssima: o sambista Edson Papo Furado prostrado em um caixão conduzido por moradores e entusiastas do Centro de Vitória em um cortejo fúnebre pelas ruas do entorno. O Cadeiraço foi um protesto irônico contra o toque de recolher imposto pela Prefeitura de Vitória no Centro. O velório, seu ápice.
 
O prefeito de Vitória Luciano Rezende (PPS) vai entender a mensagem? Difícil. Passadas duas semanas da vigência Termo de Compromisso Ambiental, firmado apenas entre prefeitura e Ministério Público Estadual (MPES), impondo a bares e restaurantes da região o recolhimento de mesas e cadeiras após as 23h, Luciano não deu indício de recuo. 
 
A medida pode sacrificar um projeto que o próprio, em benefício da própria comunidade, inaugurou em 2015: a Rua Viva. Pelo contrário, Luciano piorou a coisa: resguardou a Rua Gama Rosa da sanha do termo, cujos bares são supostamente mais sofisticados que os da Rua Sete de Setembro, que concentram os moradores mais tradicionais. De resto, tem se dedicado mesmo a risonhas lives no Facebook. A realidade mandou lembranças.
 
Enquanto isso, um monumento cultural da cidade jazia em um caixão numa noite de sexta-feira. Ícone da escola de samba Unidos da Piedade, agremiação do Centro, Papo Furado é uma lenda viva do samba capixaba. Em que pese o tom lúgubre, o velório-protesto não foi hostil à prefeitura: preferiu expô-la ao riso e à zombaria. 
 
E o que é digno de riso no termo? Bem, para um prefeito que se reelegeu prometendo gerar emprego e renda e que se ufana de fazer uma “gestão compartilhada” da cidade, tudo. Em artigo nesse domingo (19) em A Gazeta, o economista Arlindo Villaschi lembra que o Centro elaborou por si um círculo virtuoso econômico amparado na produção cultural. O toque de recolher do #VitoriaSuaLinda pode interrompê-lo: já há notícias de demissões nos bares e de ruas, antes ocupadas, agora vazias.
 
E o vereador Vinicius Simões (PPS), cujo reduto eleitoral é no Centro, também entenderá o recado? Por ora, o presidente da Câmara e aliado do prefeito acha que os problemas da região se resumem às faixas de pedestre da Praça Costa Pereira. Vai vendo.

Fotos capa: Leonardo Sá/Porã e Facebook Vereador Roberto Martins

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