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Estudantes da Ufes protestam contra professor acusado de racismo

Cerca de 300 estudantes da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) protestaram contra o racismo na tarde desta quarta-feira (05). O ato foi marcado pelas redes sociais, após denuncias de preconceito racial que partiram de um professor do curso de Ciências Econômicas dentro da sala de aula.
 
No protesto, os manifestantes exibiam cartazes pedindo que o professor fosse retirado do quadro de docentes da universidade. Os estudantes atravessaram o campus de Goiabeiras, passando pela Reitoria e pelo Departamento de Ciências Econômicas. Em seguida, os manifestaram se concentraram em uma das vias da Avenida Fernando Ferrari, em frente à Ufes, bloqueando o trânsito no sentido bairro-Centro.
 
O episódio de racismo que motivou o protesto teria ocorrido na segunda-feira (03), durante a aula de Política Econômica para alunos do segundo período do curso de Ciências Sociais. 
 
Segundo os estudantes, o professor Manoel Luiz Malaguti, em uma discussão sobre cotas na universidade, teria afirmado que “o nível da educação está tão baixo que o professor não precisa se qualificar mais para dar aula, já que os cotistas, na sua maioria, são negros, pobres, sem cultura e sem leitura, são analfabetos funcionais”. O professor ainda afirmou que “detestaria ser atendido por um médico ou advogado negro”.
 
Em entrevista aos jornais A Gazeta e A Tribuna desta quarta (5), o professor confirmou as afirmações que fez em sala de aula, sobre sua posição de que os estudantes beneficiados pelas cotas são intelectualmente inferiores. Entretanto, Malaguti disse não considerar a posição como racista.
 
A senadora Ana Rita (PT), presidente da Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa, repudiou a atitude do professor. “Essa manifestação criminosa do professor vai na contramão dos movimentos de inclusão e democratização do acesso ao ensino superior, em que as cotas étnico-sociais, que tive o prazer em lutar por sua aprovação, são pilares desta construção, ainda incipiente”, afirmou a senadora em nota.
 
Ufes

 

Em entrevista coletiva concedida na tarde desta quarta-feira (5) o reitor da Ufes, Reinaldo Centoducatte, disse que as declarações do professor causam perplexidade e constrangimento. Ele salientou que a universidade não compactua com as declarações dadas por Malaguti. 

 

A reitoria da Ufes decidiu afastar o professor das aulas do segundo periodo de Ciências Sociais, turma em que ele deu as declarações. Já o Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão (Cepe) da universidade recomendou que Malaguti seja afastado de todas as atividades que realiza. 
 
Em nota, a Ufes informou que a denúncia feita pelos estudantes foi recebida pela Ouvidoria e que caso seja comprovada, a reitoria abrirá um inquérito administrativo. “A Ufes destaca que repudia todo e qualquer ato ou manifestação preconceituosa em seus campi, e afirma que desenvolve políticas afirmativas de assistência estudantil que reforçam seu compromisso com o exercício pleno da cidadania a todos os estudantes, a democratização das condições para o acesso e permanência dos alunos nos cursos de graduação, a defesa da justiça social e a eliminação de todas as formas de discriminação”, diz um trecho da nota.

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