Assim como a suspensão dos projetos do Aquaviário e do Sistema BRT (vias exclusivas para ônibus), o reajuste da tarifa do Sistema Transcol é mais um eloquente argumento de que o governador Paulo Hartung elegeu-se sem ideias para mobilidade urbana. Aborta novos modelos para cultivar velhas práticas. O aumento de 12,24% é maior que a inflação registrada em 2015 (10,67%).
As cidades do Rio de Janeiro e São Paulo também reajustaram os valores de seus ônibus, mas em índices mais modestos que o capixaba: 11,76% e 8,57%, respectivamente. Já enfrentam protestos.
Uma reunião de estudantes está marcada para este sábado (9), a partir das 15h, na Praça Costa Pereira, no Centro de Vitória para definir atos contra o aumento já para a próxima semana. As páginas da Ueses e do ProtestoGV no Facebook já divulgam a convocação.
O reajuste das tarifas do sistema de transporte metropolitano de R$ 2,45 para R$ 2,75 foi definido em reunião desta sexta-feira (8) do Conselho Tarifário da Grande Vitória. Como de praxe, os estudantes foram voto vencido. “Estudantes e trabalhadores não devem arcar com o preço da crise”, critica Luiz Felipe da Costa, presidente da União dos Estudantes Secundaristas do Espírito Santo (Ueses), que acompanhou a reunião.
Luiz Felipe conta que os estudantes tentaram adiar a votação. “O Conselho estava imaturo para tomar essa decisão”. Para ele, não havia embasamento técnico consistente, nem estudos mais aprofundados para justificar o reajuste. Foi solicitado que a questão social fosse considerada. Em vão. “Eles abordaram meramente parâmetros técnicos e econômicos. Não abordaram o social”.
O presidente da Ueses também destaca que o valor do subsídio pago pelo governo às empresas concessionárias de R$ 115 milhões não sofreu reajuste. Enquanto isso, o governo estadual pretende gastar até R$ 73 milhões em contratos com publicidade este ano. Até novembro de 2015, Hartung dilapidou R$ 19,6 milhões com propaganda.