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Famílias que ocupam terreno em Vitória cobram diálogo com o poder público

Fotos: Leonardo Sá/Porã

Para as famílias que ocupam um terreno entre os bairros Grande Vitória e Universitário, em Vitória, os proprietários do terreno ainda não apresentaram documentos que provem a posse da área. Uma decisão determinando a reintegração de posse da área já foi expedida pela Justiça. “Se de fato eles comprovarem que são donos da propriedade, a gente pretende sair do local pacificamente. Só que o poder público tem que pegar essas familiar e botar em outro local”, pondera o MC Tim Funk da Paz, um dos líderes do movimento.

 
A ocupação começou no último dia 3. Segundo Tim, cerca de 700 famílias ocupam hoje o terreno, que foi dividido em 10 lotes. “Na determinação do juiz eles solicitam que os possíveis donos do terreno apresentem um documento [que comprove a propriedade]. Mas até o presente momento, não foi apresentado”, defende.
 
Durante toda a manhã e início da tarde da última quarta-feira (12), cerca de 200 pessoas protestaram pelas ruas de Vitória cobrando uma solução para o impasse. O protesto partiu às 7h30 do Parque Tancredão em direção à Câmara de Vitória, em Bento Ferreira, de onde, às 11h, seguiram para a Assembleia Legislativa, na Enseada do Suá. Duas horas depois, os manifestantes voltaram em direção à sede da prefeitura, em Bento Ferreira.
 
Os manifestantes apitavam e erguiam cartazes cobrando moradia. Segundo Tim, a intenção do protesto foi sensibilizar o poder público. “A gente pede que o poder público se manifeste. Até então só a justiça se manifestou, pedindo para a gente sair”, critica. Na Câmara, foram recebidos apenas pelo vereador Duda Brasil (PDT). Na Assembleia, a deputada estadual Eliana Dadalto (PTC) ouviu as demandas dos manifestantes.
 
Uma das manifestantes foi a dona de casa Teresa dos Santos. Há nove anos, Teresa foi removida pela prefeitura da casa que morava em Forte São João. A edificação foi erguida em Área de Proteção Ambiental (APP). Teresa foi levada para um abrigo em Andorinhas, onde ficou por um ano. Desde então, é beneficiária de Aluguel Social. Nove anos, quatro bairros e dois netos depois, hoje ela mora de aluguel em Bela Vista com três filhos e três netos. Recebe R$ 900 de Aluguel Social.
 
Saiu às ruas para lutar por uma moradia própria. Cobra, comos tanto ali, a concessão de Bônus Moradia pela prefeitura – hoje, de R$ 39 mil. “Quero minha casa, não aguento mais”, diz. Enquanto engrossava o coro do protesto, duas filhas tomavam conta do lote que ocupavam em Grande Vitória.
 

Por ser localizada numa fração mais alta do bairro, a ocupação é chamada de Alto Grande Vitória. Reúne moradores sem casa própria dos bairros do entorno, como Grande Vitória, Inhanguetá, Bela Vista e São Pedro. “Lá tem pessoas com pessoas com Aluguel Social atrasado e vários problemas sociais. Há pessoas desempregadas que não têm onde morar. O município tem o dever de garantir moradia”, diz Tim. 

 
Tim é fundador do conhecido projeto social Funk da Paz, que este ano completa uma década de vida utilizando o gênero para retirar jovens de comunidades de baixa renda da mira da criminalidade. Ele faz uma avaliação positiva do protesto. “Conseguimos marcar reuniões com o poder público. Acredito que vamos ter um novo direcionamento nessa história”, diz.

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