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Greve de motoristas e cobradores de ônibus continua na Grande Vitória

A greve dos trabalhadores do transporte coletivo da Grande Vitória, que começou na madrugada desta segunda-feira (3), continua. Não houve acordo entre os representantes de motoristas e cobradores, por meio do Sindicato dos Rodoviários do Espírito Santo (Sindirodoviários-ES), e os empresários do setor. Uma reunião realizada às 13h30 desta segunda-feira, com cerca de 10 minutos de duração, foi encerrada sem entendimento entre as partes. Dessa forma, a paralisação continua sem previsão de término.  

A queda de braço permanece, pois os trabalhadores, de acordo com o presidente Sindirodoviários-ES, José Carlos Sales Cardoso, reivindicam 4% de reajuste para repor as perdas inflacionárias do período que compreende os últimos 12 meses. Além disso, que esse percentual seja linear, ou seja, que incida também sobre o plano de saúde, o auxílio-alimentação e o seguro de vida, retroativo a 1º de novembro, que é a data-base da categoria. Motoristas e cobradores pleiteiam ainda ganho real, que significa algo além das perdas inflacionárias.  

Na reunião do início da tarde desta segunda-feira (3), os empresários avançaram apenas para que o reajuste de 3% oferecido pelas entidades patronais seja também incluído sobre o tíquete-alimentação e o plano de saúde. As demais pautas foram ignoradas. Os rodoviários também pleiteiam, por exemplo, o fim da modalidade de contratação em jornada de trabalho reduzida, o que ficou conhecido como “motoristas de baixa renda”.

Manhã de paralisação

Quem precisou do transporte coletivo, nesta segunda-feira (3), teve que contar com a paciência. A reclamação dos usuários era a mesma: demora dos ônibus, que chegavam a intervalos de até três horas em determinados locais, como em bairros da Serra. Houve trabalhadores que não conseguiram se deslocar ao trabalho. 

As empresas de ônibus contaram com amparo do aparato de segurança do Estado e por decisões judiciais. Viaturas da Polícia Militar, por exemplo, foram destacadas para as garagens das empresas para garantir que os ônibus saíssem, mantendo o percentual exigido pela Justiça, de 70% nos horários de pico e 50% nos demais períodos. 

Em nota, porém, o GVBus, que é sindicato das empresas, disse que o Sindirodoviários não cumpriu com a determinação da Justiça de quantidade mínima de ônibus circulando no início da manhã e nos horários de pico.

“De 5h às 6h, quando 50% dos coletivos deveriam estar nas ruas, apenas 24% dos 1.426 ônibus da frota saíram das garagens. De 6h às 9h, o quantitativo de veículos circulando não passou de 63%. A liminar determinou 70% nesse período”, diz o GVBus, avisando que irá “oficializar ainda hoje ao TRT-ES essa situação, que caracteriza descumprimento da liminar, e torna a greve ilegal”. 

Determinação

O Sindirodoviários-ES, conforme determina a legislação, publicou um edital em jornal de grande circulação com 72 horas de antecedência noticiando a greve. No documento, a categoria garantiu que manteria 30% da frota circulando, uma vez que o transporte coletivo é um serviço essencial. No entanto, uma decisão do desembargador José Luiz Serafini, do Tribunal Regional do Trabalho (TRT-ES), desse domingo (2), deferiu parcialmente o pedido de liminar do GV-Bus e do Setpes e determinou a manutenção de 70% da frota em circulação nos horários de pico (das 6h às 9h e das 17h às 20h) e 50% nos demais horários. O descumprimento, ainda que parcial, acarretará multa diária de R$ 200 mil.

A greve foi iniciada depois que empresários de ônibus não conseguiram chegar num acordo nas negociações do Acordo Coletivo 2018/2019. Os rodoviários não aceitaram uma contraposta de 3% de reajuste salarial, não-linear, ou seja, incidente apenas sobre o salário, a partir de janeiro de 2019; decisão tomada em assembleia nesse domingo (2). Também já havia sido reprovada uma primeira proposta de 2%, o que deflagrou o movimento no último dia 27.

Movimento Anual

No final do ano passado, os motoristas e cobradores também cruzaram os braços por 15 dias, em movimento iniciado logo após o Natal. Eles lutavam por reajuste de 5% nos salários, reajuste do vale-refeição e a gratuidade do plano de saúde. As empresas não concordam com o reajuste e oferecem 1,83%.

A negociação foi intermediada pelo Tribunal Regional do Trabalho (TRT-ES), chegando ao índice de 3%. Poucos dias depois de encerrada a greve, porém, os empresários do transporte coletivo conseguiram um aumento de 6,25% no preço das passagens dos ônibus do Transcol. Conseguiram repassar para o bolso dos usuários o dobro do que os motoristas e cobradores tiveram de aumento salarial.

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