Empresas de ônibus fizeram uma contraproposta aos rodoviários, nesta sexta-feira (30), com o intuito de que a categoria não entre em greve na próxima segunda-feira (3). Foi apresentado o percentual de 3% de reajuste salarial, um ponto percentual a mais do que havia sido oferecido e rejeitado pela categoria em assembleia geral que deflagrou o movimento, na última terça-feira (27). A audiência de conciliação foi realizada no Tribunal Regional do Trabalho (TRT), no Centro de Vitória. No domingo (2), os rodoviários apresentarão a nova proposta aos trabalhadores, que decidirão se manterão ou não a greve.
“Entendo o esforço do MPT [Ministério Público do Trabalho] e da Justiça do Trabalho, mas não podemos garantir que vamos acabar com a greve, temos que submeter essa proposta aos trabalhadores”, disse o diretor social do Sindicato dos Trabalhadores em Transportes Rodoviários no Estado (Sindirodoviários), Cleomar Franscisco Monteiro. As partes acordaram uma reunião para outra tentativa de acordo na sede da GV-Bus, na segunda-feira (3).
Apesar de terem aumentando o percentual de reajuste de 2% para 3%, os empresários do transporte coletivo, representados pelas instituições GV-Bus e Setpes, ingressaram na Justiça pedindo que os rodoviários mantenham 100% da frota circulando na segunda. Ou, então, 90% nos horários de pico e 70% nos demais períodos. O pedido, até a noite desta sexta-feira (30), ainda não havia sido julgado.
Edital
O Sindirodoviários-ES, conforme determina a legislação, publicou um edital com 72 horas de antecedência noticiando a greve. No documento, a categoria garante que manterá 30% da frota circulando, uma vez que o transporte coletivo constitui-se um serviço essencial.
Motoristas e cobradores aprovaram o movimento grevista em assembleias realizadas nessa terça-feira (27), na Praça Oito, Centro de Vitória, com duas chamadas, uma pela manhã e outra pela tarde.
De acordo com o presidente do Sindirodoviários-ES, José Carlos Soares Cardoso, a categoria não aprovou a proposta patronal apresentada nas assembleias, de reajuste linear de 2% nos salários, plano de saúde e auxílio-alimentação. Segundo ele, a proposta dos proprietários de empresas de ônibus é metade da inflação do período, cujo índice gira em torno de 4%.
Além disso, outros pautas de reivindicação não foram sequer apreciadas, como a redução das jornadas de trabalho. “Os patrões não oferecem nem ganho real para a categoria. Por isso, a maioria dos trabalhadores aprovou a greve. Vamos seguir os trâmites legais, publicar o edital e iniciar o movimento”, explicou.
Passagens
No final do ano passado, os motoristas e cobradores também cruzaram os braços por 15 dias, em movimento iniciado logo após o Natal. Eles pleiteavam reajuste de 5% nos salários, reajuste do vale-refeição e a gratuidade do plano de saúde. As empresas não concordam com o reajuste e oferecem 1,83%. A negociação foi intermediada pelo Tribunal Regional do Trabalho (TRT-ES), chegando ao índice de 3%.
Poucos dias depois de encerrada a greve, porém, os empresários do transporte coletivo conseguiram um aumento de 6,25% no preço das passagens dos ônibus do Transcol. Conseguiram repassar para o bolso dos usuários o dobro do que os motoristas e cobradores obtiveram de aumento salarial. O reajuste das passagens do Transcol também foi maior do que a inflação oficial de 2017, de 2,95%.
O preço atual da passagem do Transcol é de R$ 3,40. Por pouco os empresários do transporte coletivo, donos de 12 empresas, não cravaram, na ocasião, sua reivindicação de aumento da passagem em 15,97%, o que daria R$ 0,51 a mais na tarifa, a titulo de reequilibrar suas contas. Em 2016, os empresários conseguiram um reajuste de 16%, quando a passagem passou de R$ 2,75 para R$ 3,20.
No início de 2019, um novo reajuste volta a ser debatido, embora os serviços permaneçam alvos de permanentes críticas dos usuários do sistema na Grande Vitória.