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‘Hoje quem decide quem morre ou não é Renato Casagrande’, diz Sindicomerciários

Decisão de reabrir os shoppings na próxima segunda-feira foi tomada sem diálogo com a categoria, afirma entidade

O Sindicato dos Trabalhadores no Comércio (Sindicomerciários) recebeu com reprovação a notícia da reabertura dos shoppings, que voltam às atividades na próxima segunda-feira (1). O presidente da entidade, Rodrigo Rocha, afirma que com essa decisão “hoje quem decide quem morre ou não é Renato Casagrande”. O sindicalista acredita que a reabertura dos shoppings irá aumentar o número de infectados e mortos, além de promover o colapso do sistema de saúde. 

Rodrigo afirma que o governador Renato Casagrande (PSB) tomou uma decisão que coloca os comerciários na linha de frente da contaminação sem nem ao menos dialogar com a categoria. O presidente do sindicato relata que por diversas vezes a entidade procurou o governo do Estado para falar sobre as demandas dos comerciários, mas sem sucesso. 

“A reabertura dos shoppings não garante condições sanitárias adequadas para os trabalhadores. A atividade comercial é importante, mas a vida é mais. Com a reabertura vamos exigir o cumprimento de todas medidas necessárias para prevenção à Covid-19 entre os comerciários. Se necessário for, vamos recorrer ao judiciário”, diz Rodrigo. 
O professor do departamento de Medicina Social da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) e especialista em doenças infecciosas e parasitárias, o médico Crispim Cerutti Júnior, explica que a reabertura dos shoppings vai aumentar a quantidade de mortos e infectados em virtude das aglomerações. Essa realidade, destaca Crispim, irá fazer com que o sistema de saúde não tenha condições de atender a todos positivados. 
“É preciso ter uma visão política mais ampla, de longo prazo. Claro que há pressão para reabertura, mas a questão sanitária tem que ser mais forte”, declara o médico, que acredita que diante de uma crise sanitária é preciso assumir custos e contribuir para a solução do problema. Ele acredita que as lojas podem, por exemplo, trabalhar com delivery, drive thru e e-commerce. 
“É necessário se adaptar à nova realidade e rever as formas de produção e consumo, manter os próprios negócios sem que isso implique na mortalidade das pessoas”, defende o médico, que diz que essa necessidade não é ancorada pelo discurso do governo federal. Crispim acredita que existe uma crise de autoridade no Brasil. Ele afirma que, se os brasileiros não quiserem que a situação permaneça dessa forma, é preciso, futuramente, quando não houver mais necessidade de isolamento, se mobilizar. 
“Tem uma frase que conheço e ela é importante: ‘os direitos que a gente tem são só aqueles que a gente tem capacidade de defender”, diz.

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