Terminou na tarde desta segunda-feira (7) a rebelião na Unidade de Internação Regional Norte, em Linhares. Após mais de oito horas em poder dos adolescentes rebelados, cinco agentes socioeducativos foram liberados no final da tarde. Segundo o diretor-presidente do Instituto de Atendimento Socioeducativo do Espírito Santo (Iases), Leonardo Grobério, não houve vítimas. “Alguns adolescentes tiveram ferimentos leves, que eles mesmos provocaram tentando agredir os agentes”, disse Grobério.
O diretor-presidente do Iases afirmou que acompanhou as negociações de perto, que foram conduzidas pelos oficiais do Batalhão de Missões Especiais (BME) da Polícia Militar. “Achamos estranho que os internos não apresentaram nenhuma reivindicação. Portanto, não sabemos ainda o motivo da rebelião. Mas vamos investigar”, garantiu.
A rebelião na unidade, que abriga 90 adolescentes – segundo o Iases, dentro do limite de lotação – teve início na tarde deste domingo (6), quando um grupo de internos tentou fugir pulando os alambrados. O gerente de segurança teria acionado a polícia para conter uma fuga em massa, mas cinco jovens teriam conseguido fugir.
Após a chegada da polícia cerca de 35 internos iniciaram a rebelião. O Batalhão de Missões Especiais (BME) foi acionado e a rebelião controlada ainda durante a madrugada. Os adolescentes chegaram a atear fogo nos colchões e os bombeiros foram chamados para apagar o incêndio. Nessa primeira rebelião, segundo o Iases, também não houve feridos.
No início da manhã desta segunda-feira (7) os adolescentes voltaram a se rebelar. Desta vez eles fizeram reféns cinco agentes socioeducativos. Depois de muita negociação com a BME, que alegou que os internos não apresentaram nenhuma reivindicação, os funcionários foram libertados pelos adolescentes.
Sob intervenção
A Unidade de Internação Regional Norte está dentre aquelas que tinham gestão compartilhada entre o Instituto de Atendimento Socioeducativo (Iases) e a Associação Capixaba de Desenvolvimento e Inclusão Social (Acadis), que está sob intervenção depois que a Operação Pixote detectou um esquema de corrupção nos contratos firmados entre a autarquia e a organização social.
Leonardo Grobério acredita que não há nenhuma relação entre a rebelião e a mudança de gestão na unidade, que é gerida pelo interventor Bruno Pereira, defensor público nomeado pelo Estado.
O diretor-presidente do Iases garantiu que não houve mudanças de procedimentos ou pedagógicas na unidade que justificassem o motim. Ele acrescentou ainda que recentemente o interventor exonerou 12 funcionários que estavam ligadas à gestão da Acadis, mas repetiu que não pode afirmar que isso tenha relação com a rebelião.
Segundo Grobério, os adolescentes destruíram móveis e utensílios do espaço de convivência (área de lazer), mas que não depredaram os alojamentos. Os adolescentes não serão transferidos.
Fugas
As fugas têm sido uma constante no sistema socioeducativo do Estado, conforme já denunciou o Sindicato dos Servidores e Trabalhadores no Atendimento Socioeducativo do Estado (Sinases).
Em dezembro de 2012, num intervalo de duas semanas teriam ocorrido 16 fugas Só na unidade do Xuri, em Vila Velha, foram 12 fugas no período, e na Unidade de Atendimento Inicial (Unai), em Maruípe, ocorreram duas fugas. Na Unidade de Atendimento Socioeducativo (Unis) de Cariacica também teriam ocorrido duas fugas. Em todas as fugas os adolescentes utilizam o expediente de pular o muro e o alambrado das unidades.
Apesar da denúncia, ainda há controvérsias em relação às fugas ocorridas na unidade do Xuri. O Iases nega a ocorrência das 12 fugas, já que os adolescentes foram recapturados e reencaminhados à unidade.