Companheira política de Luciano Rezende (PPS) desde os tempos do prefeito na Câmara de Vitória, Adriana Sossai Zaganelli vai coordenar o Grupo de Trabalho Intersetorial (GTI), formado para levantar dados, confrontar informações e proferir diagnóstico sobre a situação atual de permissão do contrato de transporte público municipal. O grupo foi instituído em decreto publicado na edição desta sexta-feira (1) do Diário Oficial do município.
O grupo é composto por representantes da Secretaria de Transportes, Trânsito e Infraestrutura Urbana (Setran), Secretaria da Fazenda, Sindicato das Empresas de Transportes de Passageiros do Estado do Espírito Santo (Setpes) e das empresas permissionárias, Viação Tabuazeiro, Unimar Transportes e Viação Grande Vitória. O trabalho terá duração de 15 dias, prorrogáveis por igual período.
Vitória atravessa uma crise no transporte público. Há mais de um mês os passageiros reclamam de demora nos pontos, superlotação dos ônibus e denunciam redução de frota efeitos de uma estratégia de redução de custos e aumento de lucro das empresas concessionárias sem melhorar a qualidade do serviço. O ponto máximo da crise foi atingido nessa quinta-feira (31) com a exoneração do subsecretário de Transportes Fernando Repinaldo, que declarou que os usuários devem se adequar aos novos horários.
O Diário Oficial desta sexta também nomeia, interinamente, Adriana Sossai para responder pela Subsecretaria de Transportes. Ela é originalmente gerente de Vistoria e Fiscalização de Transportes.
A nomeação de Adriana Sossai para coordenar o grupo levanta dúvidas sobre a condução dos trabalhos, uma vez que sua atuação na Setran foi questionada no caso dos táxis de Vitória dentro de uma série de reportagens de Século Diário sobre o serviço. Ela chegou a ser descrita como braço-direito do vereador Max da Mata (ex-PSD), ex-secretário de Transportes. Fontes emendaram a informação: Adriana é antiga aliada de Luciano Rezende.
A subsecretária de Transportes interina foi a representante da Setran na comissão da controversa licitação que concedeu 108 novas placas de táxi. A primeira colocada da licitação, Roseane de Oliveira Puppim, é apontada como esposa de Alex Sandro Muller Helmer, representante do sindicato dos taxistas na mesma comissão. As reportagens também apontaram que, embora a lista de permissão de Vitória contenha 93 permissionárias, apenas duas ou três efetivamente trabalham nas praças. Há indícios de que as mulheres atuem como “laranjas” dos verdadeiros administradores das placas.
O trabalho de fiscalização de Adriana também pode ter falhado nas ruas: a mesma Rosiane, para inflar pontuação no certame, estava inscrita como defensora no ponto de táxi da Rua Alcino Pereira Netto em Jardim Camburi. Mas taxistas do bairro nunca a viram dirigindo um táxi.
Como, no caso dos táxis, apontaram as reportagens e, no dos ônibus, evidenciaram as ruas, o trabalho de Adriana Sossai é falho. No caso dos táxis, especificamente, há indícios de que a Setran atua para proteger os grandes gestores de placas de Vitória. Seja uma profissional omissa ou competente, Adriana executa bem a missão de preservar as engrenagens do lucrativo mercado de táxi da capital.
