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Mapa da Violência: suicídios entre jovens aumentam 85,3% no Estado

Dados alarmantes relacionados ao suicídio no Espírito Santo foram revelados pelo Mapa da Violência de 2014. Os dados, que têm como base o ano de 2012, apontam um aumento de 85,3% na taxa de suicídio entre jovens em apenas um ano. Em Vitória, os números assustam ainda mais. Entre 2011 e 2012, o número de suicídios entre jovens aumentou 148%.
 
Para o psicanalista Ítalo Campos, autor do livro Vidas Interrompidas, o tema sempre foi tratado como tabu e, por isso, muitos hospitais e médicos não apontavam o suicídio como causa da morte. “Com um maior esclarecimento da questão, as estáticas estão mais afinadas e os índices aumentam”, explica.
 
Além da maior clareza nos registros, segundo Campos, o número de suicídios tem crescido porque na contemporaneidade o sofrimento é tido como algo impuro. “No mundo atual toda a estrutura capitalista tem valorizado demais a questão do consumo e isso não consegue aplacar as angústias das pessoas. A pressão em conseguir poder, bens e dinheiro, associada a esse discurso de constante felicidade, fazem com que o indivíduo desenvolva pouca capacidade de frustração”.
 
Sem conseguir lidar com essas frustrações, muitas pessoas acabam por tirar a própria vida, em uma ação desesperada. Ainda assim, Campos afirma que nem todo suicídio é causado por uma doença mental, e que todos estão sujeitos a cometê-lo: “O suicídio é uma questão de saúde pública e, por isso, deve perpassar várias instituições, como a família, a escola e a segurança pública”.
 
O papel da família, destaca Campos, é muito importante, principalmente em relação ao suicídio entre os jovens. O psicanalista ressalta que o indivíduo apresenta sinais de que está em grande sofrimento, como o afastamento social e estado depressivo grave. E que a família, próxima e atenta, é fundamental para perceber esses sinais e buscar ajuda.
 
O psicanalista destaca ainda que essa ajuda vem, sobretudo, pela fala. Dessa maneira, é fundamental que se converse sobre o tema com pessoas próximas e, se possível, recorra à ajuda de um serviço de ajuda mental. A maior parte dos municípios possui serviços gratuitos de ajuda psicológica e psiquiatra, que podem ser procurados nas unidades de saúde. Os pacientes são encaminhados da assistência básica para os centros de especialidade. “A fala adia o ato e essa pode ser a diferença entre a vida e a morte”, alerta Campos. 

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