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Max da Mata escala taxista para defender licitação e pedir liberação do cadastro de reserva

Em tom dramático e palavras comoventes, o taxista Izaías Bragança pintou um quadro preocupante do serviço de táxi de Vitória na tribuna popular da Câmara nessa terça (4). Para ele, o quantitativo de táxis, mesmo incrementando pela licitação, não acompanhou o crescimento econômico de Vitória, com inauguração de hotéis e outros empreendimentos da cadeia de serviços, e o consequente aumento de demanda. 
 
Daí a conclusão: “Acredito que com a liberação dos 50 táxis de cadastro de reserva nós iríamos preencher algumas lacunas que há na cidade de Vitória”.
 
Seria mais discurso recheado de boas intenções, conclamando os vereadores a apoiarem a liberação dos 50 veículos do cadastro de reserva do certame. O que ficou claro, no entanto, é que o drama e a comoção do discurso serviram a apenas um propósito: defender o vereador Max Da Mata (PDT), implicado em suspeitas de irregularidades em licitação de táxi de Vitória. A concorrência é um dos frutos da gestão de Max à frente da Secretaria de Transportes, Trânsito e Infraestrutura Urbana (Setran).
 
Representante dos licitantes, Izaías foi indicado pelo vereador para defender a licitação e pedir liberação do cadastro de reserva.
 
A situação de Max se complicou no relatório final da auditoria da Prefeitura de Vitória que investigou fraudes em permissões de táxi. O documento aponta o registro de seis permissões em um mesmo endereço de Jardim Camburi, que, apontam os indícios, são controlados pelo taxista Alex Sandro Muller Helmer, taxista próximo do vereador e que compôs a comissão de licitação do certame. Dois licitantes vencedores são apontados como parentes do taxista. 
 
Izaías começou cumprimento seu cicerone pelo “perfeito trabalho na licitação”, mas, a seguir, desfiou o rosário da deficiência no quantitativo de táxis em Vitória. Criou mui habilmente uma atmosfera para defender a liberação dos veículos de cadastro de reserva, com os quais, além de suprir a demanda, seria possível inibir o assédio dos taxistas de outros municípios ao mercado de Vitória. “Recebemos elogios dos novos táxis”, disse.   
 
O discurso de Izaías foi muito bem articulado. Após tratar das particularidades municipais, ele enveredou para o quadro nacional de recessão econômica. Mostrou-se preocupado com a logística da cidade quando o crescimento for retomado, com a qual, mais uma vez, a liberação dos veículos de cadastro de reserva poderia contribuir. 
 
A narrativa da comoção chegou ao ápice quando citou os 11 milhões de desempregados no Brasil. Segundo Izaías, os táxis liberados gerariam cerca de 300 empregos. “Essa crise está tirando o mínimo de dignidade do pai de família, que é a comida na mesa”, finalizou, para então pedir o apoio dos vereadores na liberação dos carros em cadastro de reserva. 
 
Max Da Mata foi o primeiro a se manifestar após a fala de Izaías. Compadecido, Max expressou apoio às palavras do taxista. “É muito importante quando ver um cidadão falando algo que conhece e que sente. As palavras quando vem do coração, soam sempre como verdade”. A seguir, claro, também pediu apoio dos vereadores para a liberação dos táxis de cadastro de reserva.
 
Membro base do prefeito Luciano Rezende (PPS), o vereador Davi Esmael (PSB) se mostrou mais ponderado que o colega de plenário. Mostrou-se a favor da ampliação do número de táxis, mas destacou que existem muitos permissionários que não honram a profissão, como policiais, servidores públicos e bancários que detém placa, mas não trabalham.
 
“Existem permissionários que não desempenham função em momento algum”. Criticou também a licitação. “O edital tem algumas coisas que soam estranhas e que tem que ser apuradas”. 
 
Outro cercado de suspeitas na organização do mercado de táxi de Vitória, o vereador Rogerinho Pinheiro (PHS) elogiou a fala de Izaías. “Creio que esse processo de licitação foi transparente. É muito gratificante que um companheiro, um defensor, veio a ter êxito nessa licitação”, disse.
 
O relator da CPI dos Táxis, Serjão Magalhães (PTB), citou denúncias que a comissão está recebendo e defendeu a cassação das placas dos permissionários que não trabalham e a imediata transferência para os taxistas do cadastro de reserva. 

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