Gestão de Lorenzo Pazolini vai custear as passagens de ônibus, mas não hospedagem e alimentação
Em reunião entre as paneleiras de Goiabeiras e o secretário de Governo da Prefeitura Municipal de Vitória (PMV), Luciano Forrechi, nesta quarta-feira (8), foi estabelecido que a gestão do prefeito Lorenzo Pazolini (Republicanos) irá custear as passagens de ônibus de ida e volta para as paneleiras e integrantes da banda de congo irem ao Rio de Janeiro desfilar na escola de samba Inocentes de Belford Roxo. Entretanto, não serão disponibilizados recursos para hospedagem e a alimentação. A agremiação homenageará as paneleiras na Marquês de Sapucaí, com o samba Mulheres de Barro.
Serão 20 vagas no ônibus para as paneleiras e outras 20 para integrantes da banda. O grupo sairá de Vitória no próximo dia 17, uma sexta-feira, à noite, desfila no sábado à noite, e retorna no domingo. A paneleira Berenícia do Nascimento informa que, também nesta quarta-feira, a escola de samba foi contatada para que custeasse a hospedagem e a alimentação, mas não deu nenhuma garantia.
Ela acredita que, às vésperas do Carnaval, haverá dificuldade para encontrar vaga em hotel, por isso, possivelmente terão que dormir no ônibus. “Mas vamos representar nossa cidade, o Espírito Santo, o primeiro patrimônio imaterial tombado no Brasil, que era merecedor do apoio da Prefeitura e do Estado”, enfatiza.
O Babado Bar, em Goiabeiras, movimento artístico cultural que tem apoiado as paneleiras nessa reivindicação com a prefeitura, publicou uma nota de repúdio em que critica o fato de a gestão municipal proporcionar uma viagem “bate-volta”, sem hospedagem nem alimentação, além de alegar que a viagem seria realizada porque a ausência das paneleiras faria com que a escola de samba perdesse ponto. O Babado Bar considera as condições da viagem “precárias”.
Na nota, afirma que não estará presente na viagem, mas afirma que “continuará a ser um espaço de valorização da cultura, dos povos e dos reais valores da terra capixaba”. Diz ainda que “nas nossas veias pulsa sangue indígena que não se entrega por qualquer aviltante moeda de troca”.
Berenícia afirma que, primeiramente, foram oferecidos dois ônibus, mas depois foi informado que seria somente um, mas não foram dados mais detalhes. Por isso, elas contataram Luciano Forrechi, que pediu para procurarem um assessor do prefeito, com quem argumentaram que não se pode fazer homenagem para as paneleiras sem a presença no desfile.
A resposta obtida por elas, recorda, foi por meio da seguinte indagação: “mas a gente não homenageia até gente morta?”. “Respondi para ele que quando vieram nos apresentar a proposta da homenagem, estávamos vivas. Tem que ter respeito pelas paneleiras, pelo patrimônio nacional. Não é patrimônio só de Goiabeiras não, é patrimônio nacional. É dar a palavra e cumprir”, destaca Berenícia.
Depois houve uma conversa via celular entre as paneleiras e Luciano Forrechi, que sinalizou a possibilidade de uma viagem “bate-volta”. O também proprietário do Babado Bar, André Sopon, tentou dialogar com o secretário, mas afirma que, no viva voz, pôde escutar o gestor dizer “não falo com quem não conheço”. “Ele tem que falar porque é gestor, eu sou cidadão, empresário e fazedor de cultura”, critica.