O artigo do prefeito de Vitória Luciano Rezende (PPS) publicado nessa terça-feira (8) em A Gazeta, na data do aniversário da cidade (464 anos), celebra conquistas e indicadores positivos da cidade realizados pela atual administração. No entanto, é temeroso falar em “conquistas” quando, já muito além da metade do mandato, o prefeito não apresentou um legado consistente para a cidade. Não há sequer esboço.
A área de mobilidade oferece um exemplo. O governo Renato Casagrande (PSB) ameaçou transformar os históricos armazéns da Companhia Docas do Espírito Santo (Codesa) em meras estações do Sistema BRT (vias exclusivas para ônibus). Luciano embarcou, ignorando os anos de exuberância cultural dos armazéns durante a gestão João Coser (PT).
Agora, sem BRT, Luciano fala em transformar o local em um complexo gastronômico e cultural.
Antes, a falta do BRT também forçou o prefeito a apresentar projetos da própria lavra, agora na área afim ao sistema de vias exclusivas para ônibus: apresentou projetos de faixas exclusivas para ônibus e táxis e o Integra Vitória, em que o usuário poderá pegar dois ônibus com uma só passagem pela integração de micro-ônibus a linhas troncais.
Poderia ter implantado o anel cicloviário de Vitória, mas, até agora, apenas construiu ciclovias na orla da cidade, no Centro, na Praia do Canto e em Jardim Camburi. A malha desconectada ainda é um dos principais problemas cicloviários da cidade, que põe em risco a segurança de quem pedala.
Soou mal no artigo o prefeito relacionar um programa do qual se orgulha a cada vez que aborda, o Onde Anda Você?, de ressocialização de pessoas em situação de rua, à área de segurança pública e à queda de homicídios na cidade. Ele exalta ainda a Guarda Muncipal. Mas esta ficará marcada, mesmo, pelos apontamentos da CPI da Máfia dos Guinchos, na Assembleia Legislativa.
A CPI expôs remoções de veículos feitas a esmo e em grande volume por agentes municipais. Só até abril deste ano, 1.515 veículos tinham sido guinchados em Vitória.
Nas áreas de Educação e Saúde, o texto de Luciano Rezende é auto-explicativo, digamos assim. Foram gastas mais linhas e caracteres para dizer que Vitória ganhou prêmios aqui e ali, que é uma ótima cidade para se viver, entre outros dados semelhantes, do que para falar das próprias realizações em ambas as áreas.