A assembleia extraordinária da Associação de Moradores do Centro de Vitoria (Amacentro), realizada segunda-feira (8), aprovou um documento com normas de boa convivência na região.
Como houve supressão e acréscimos de pontos a proposta original, a redação final do documento só será feita na próxima segunda-feira (15). Mas a proposta, que será enviada para a Prefeitura de Vitória e o Ministério Publico Estadual (MPES), sugere a bares e restaurantes, por exemplo, a formulação de campanhas educativas voltadas para frequentadores que utilizam os espaços públicos para entretenimento, com a idéia de resguardar os moradores.
“Em sua essência, a proposta foi mantida. O mais importante é o entendimento da população para a ocupação dos espaços públicos”, analisa Everton Martins, presidente da Amacentro. Cerca de 70 pessoas participaram da assembleia, representando os segmentos comercial, cultural e dos moradores.
O secretário municipal de Cultura, Francisco Grijo, também acompanhou a reunião, o que foi bem recebido pelos moradores. “Vejo como um sinal de que a Prefeitura de Vitoria quer um diálogo para poder fazer o que é de vontade da comunidade”, diz. O presidente da Câmara de Vereadores, Vinicius Simões, cujo reduto eleitoral é no Centro, também compareceu, assim como os vereador Roberto Martins (PTB) e a vereadora Neuzinha de Oliveira (PSDB).
O documento é uma proposta alternativa ao polêmico Termo de Compromisso Ambiental (TCA) firmado apenas entre prefeitura e o orago ministerial que, desde fevereiro, estabeleceu um “toque de recolher” no bairro.
Moradores e frequentadores passaram a temer pela segurança da região, uma vez que um dos efeitos imediato do tetro foi o esvaziamento das vias publicas. O documento dos moradores, no entanto, permite a realização de músicas acústicas nos espaços públicos e a contratação de músicos por bares e restaurantes para a apresentação no interior dos estabelecimentos, desde que haja tratamento acústico.
Produtora cultural e pesquisadora do Carnaval capixaba, Iamara Nascimento pondera que o pacto combate a intolerância. “O que estava em perigo era uma cultura centenária˜, diz, completando que manifestações como a queima de fogos para São Benedito, realizada em 27 de dezembro, e os toques de sino da histórica Igreja do Carmo estavam namora de moradores. ˜O Centro não pode ficar anulado de uma cultura˜, diz.
Morador e proprietário de um dos mais freqüentados bares da região, o Bar do Bimbo, Jenécio Gomes celebra o acordo de boa convivência. “A importância é o viver em comunidade. Tem gente que precisa do comércio, tem gente que precisa dormir. Seria bom que mais pessoas participassem desse processo”, diz.
“E como morador, eu acho fantástico. Certos dias, eu fecho o bar a 0h e quando estou chegando em casa, parece que entrei em uma privada pública. É muita sujeira na rua. Se eu fizer lá embaixo a festa que se faz lá em cima, esteja certo que eles lacram o Bimbo”, continua ele, morador da Rua Sete de Setembro.
A ideia do “pacto de convivência” surgiu em assembleia de moradores realizada em 20 de março. A comissão foi formada por seis membros, representantes dos segmentos de moradores, bares, turismo e produção cultural. Foram quatro reuniões, que debateram outros problemas da região além da poluição sonora, como a insegurança e mobilidade.