A transformação da agência do Banestes de Cariacica Sede em unidade de negócios encontra resistência dos moradores, que afirmam terem sido pegos de surpresa diante da decisão do banco estadual. Segundo o advogado William Paperlini Filho, morador da região, a comunidade não teve informações por parte da instituição financeira sobre quais serviços deixarão de ser prestados, o que tem preocupado comerciantes, trabalhadores rurais e outros grupos.
William relata que entre as regiões atendidas pela agência estão a zona rural do município e Nova Rosa da Penha. Uma das preocupações, afirma, é que se reduzirem a oferta de serviços, no futuro pode haver fechamento total da agência. O advogado destaca, ainda, que comerciantes e produtores rurais questionam se poderão ter atendimento no Caixa, pois se precisarem se dirigir ao Banesfácil, terão que lidar com o limite de saque, impossibilitando a retirada de valores mais altos.
Os moradores querem mais transparência por parte do Banestes em relação à iniciativa. “Se vai trazer benefícios, gostaríamos de saber quais são”, afirma. O advogado aponta que os moradores se mobilizam pelas redes sociais, contactaram o banco, e pediram auxílio a algumas autoridades, conseguindo uma reunião com o presidente do Banestes, José Amarildo Casagrande, na tarde desta quinta-feira (23).
A transformação da agência de Cariacica Sede em unidade de negócios foi anunciada pelo Banestes em maio. Na ocasião, a instituição financeira anunciou que faria o mesmo com outras agências, que são Moscoso e Santo Antônio, em Vitória; Juparanã, em Linhares, norte do Estado; e Porto Canoa, na Serra.
O coordenador-geral do Sindicato dos Empregados em Estabelecimentos Bancários do Espírito Santo (Sindibancários/ES), Jonas Freire, diz que as agências de negócios funcionarão sem caixas, gerente de expediente e vigilantes. O governo quer descaracterizar a função pública da instituição financeira, como critica. Segundo Jonas, as agências de negócios são voltadas para serviços como assinaturas de contrato e financiamentos. Por não haver movimentação de dinheiro, o governo dispensará os serviços de vigilantes. Já os caixas e gerentes de expediente serão remanejados.
Jonas aponta ainda que a descaracterização da função pública do Banestes ocorrerá pelo fato de fazer com que os clientes, principalmente os das camadas populares, sejam obrigados a ser dirigir ao Banesfácil para pagar contas, por exemplo. “O Governo do Estado está terceirizando as atividades do banco. Também está encaminhando as pessoas para um serviço em que os profissionais não têm a mesma qualificação e treinamento, com trabalhadores que são precarizados, que exercem as mesmas funções dos bancários, mas não têm os mesmos direitos”, alerta.
O coordenador-geral do Sindibancários recorda que, em meio à pandemia do coronavírus, o Banestes concedeu linhas de crédito, inclusive sem juros, o que nenhum banco privado faria. Jonas lembra, ainda, que o banco também teve função social nas enchentes de janeiro deste ano e em outras calamidades ocorridas no Espírito Santo. “O Banestes se mantém com recursos próprios e repassa lucro para o Estado, que é o acionista maior. Esse lucro pode ser revertido para políticas sociais. Só no primeiro trimestre deste ano, foram repassados R$ 18 milhões”, ressalta Jonas.