Interrupção se prolongou além do informado pela Cesan; tiroteios e toque de recolher pioraram a situação
A falta d’água começou antes e se prolongou por mais tempo do que o informado pela Companhia Espírito-santense de Saneamento (Cesan). A empresa comunicou que realizaria manutenção no Sistema Jucu no sábado (7), das 4h30 às 23h. Por conta disso, cerca de 600 mil pessoas de 259 bairros da Grande Vitória ficariam sem fornecimento durante o período de realização do trabalho, com retorno gradativo nas 24 horas seguintes.
Como a água não voltava para a torneira, mesmo depois de finalizada a manutenção, moradores do Território do Bem acionaram a Cesan, que teria negado que houvesse falha no fornecimento e não enviou carro-pipa para abastecê-los. “Chegou ao ponto de não ter água para beber. Entramos em desespero”, relata Jayme Gomes, morador do bairro Engenharia.
Um carro-pipa chegou ao bairro apenas nessa segunda-feira, após intercessão do vereador André Moreira (Psol), que citou o assunto em sessão da Câmara de Vitória. “Nós somos defensores do serviço público, mas de um serviço público de qualidade. Como a gente defende a manutenção do serviço de água na mão da Cesan, também tem que cobrar para que esse serviço chegue na mão de quem precisa, especialmente na periferia de Vitória”, cobrou o vereador.
Imagens publicadas nas redes sociais mostram moradores aguardando o envio de água com baldes nas ruas, e um vídeo mostra a água sendo retirada de um caminhão-pipa por volta da meia-noite. Nas imagens, uma moradora reclama da coloração, enquanto outro argumenta que é possível ferver o líquido para torná-lo próprio para uso. “Não acredito que esperei quatro horas pra isso!”, reclama outra moradora.
Violência
A troca de tiros na região na noite dessa segunda-feira (9) teria envolvido o Primeiro Comando de Vitória (PCV) e o Terceiro Comando Puro (TCP), duas facções rivais que disputam territórios na Grande Vitória.
O fogo cruzado teria como motivação a morte de um jovem do PCV na praça do bairro Itararé, ocorrida na semana passada. Na tarde dessa terça-feira, um adolescente foi assassinado a tiros em frente à escola Otto Ewald Junior, também em Itararé.
Entidades sociais e religiosas que atuam no Território do Bem tem denunciado a escalada de violência na região, o que inclui a violência policial contra a população periférica e a falta de políticas públicas satisfatórias. Em junho, foi divulgada uma carta criticando o secretário de Segurança do Estado, Alexandre Ramalho, pela “forma simplista, equivocada e oportunista” com que ele lida com o tema. A manifestação se deu após comentários de Ramalho a respeito da morte de um homem aposentado, atingido por bala perdida quando estava internado em um hospital da Avenida Leitão da Silva.