Um grupo aproximado de 40 famílias que luta por moradia própria realizou um protesto em frente à Prefeitura da Serra nesta segunda-feira (22). A manifestação foi organizada depois que vários pedidos de reunião com secretários municipais ficaram sem respostas. Ocupando uma área no bairro Central Carapina há 10 meses, as famílias, que foram intimadas pela Justiça (5ª Vara Cível da Serra) a deixar o terreno na última quinta-feira (18), querem ajuda da Prefeitura para encontrar novos locais para morar. Por meio da Defensoria Pública, eles também recorreram da decisão judicial.
De acordo com líder comunitário e porta-voz das famílias, Jonas da Silva, a área tem causado uma série de problemas desde o final da década de 70, quando a região começou a ser habitada. Segundo ele, o terreno sempre foi depósito de lixo, com muito mato, também utilizada para abandonar carros e motos roubadas e até desova de cadáveres. Além disso, depois de murado, não recebia o tratamento adequado para eliminação de focos de mosquito que podem transmitir doenças.
“Dizem que a área já teve três donos desde 1977. O último se diz proprietário desde 2012, mas não há registro no Cartório de Imóveis da propriedade no Cartório da Serra. Há cerca de 10 meses, 148 famílias do próprio bairro que não podiam arcar mais com os custos de aluguel ou que estavam vivendo nas ruas de forma precária ocuparam o terreno. Depois de pressão, muitas delas foram indo embora e, com duas intimações para reintegração de posse, agora restam 40”, explicou Jonas. A área ocupada pelas famílias fica localizada próxima ao ponto final do bairro Central Carapina e da adutora da Companhia Espírito-Santense de Saneamento (Cesan).
Justiça
Segundo um dos moradores que ocupa a área, Romeu Barbosa Pacha, o movimento, que tem até sido chamado de “Sem Terra em Central Carapina”, recebeu a primeira notificação de reintegração de posse depois de cinco meses da ocupação. O documento apresentava diversas imprecisões, como a de que o terreno era limpo diariamente e que era conservado por plantações de bananas. Também de que havia projeto de construção de casas populares no local.
“No dia 18 deste mês, apareceu mais um oficial de justiça e a polícia para notificar a população a desocupar as terras em 10 dias. São pessoas que não têm onde morar, incluindo crianças e idosos, e muitos estão desempregados e doentes”, disse Romeu.
Depois do protesto em frente à Prefeitura da Serra, na manhã desta segunda-feira, os moradores foram recebidos por representantes do prefeito, Audifax Barcelos (Rede), que se comprometeram em incluir as famílias em programas de habitação.