Figura conhecida de muitos capixabas, ele teve longa atuação em defesa da cultura, da ecologia e da alimentação saudável
Faleceu nesta quarta-feira (15), aos 71 anos, Marco Ortiz, conhecido por sua atuação em defesa da cultura e do meio ambiente. Médico naturalista e fundador do restaurante natural Sol da Terra, empresa familiar criada em 1980, ele se destacou como um dos pioneiros na defesa da alimentação orgânica no Espírito Santo.
Segundo a família, a causa da morte foi uma pneumonia agravada pelas sequelas de Covid-19, que o médico e empresário havia contraído meses atrás. O velório acontecerá nesta quinta-feira (16) no Cemitério Parque da Paz, em Ponta da Fruta, Vila Velha.
O governador Renato Casagrande manifestou publicamente seu pesar. Em publicação nas redes sociais, o líder do executivo capixaba disse: “Ele nos deixa um grande exemplo como médico, artista e um militante do meio ambiente e da alimentação saudável. Que Deus conforte o coração de seus familiares e amigos”, desejou.
O secretário estadual de Cultura, Fabricio Noronha, chamou Ortiz de “grande mestre que nos ensinou tantas coisas”, citando sua atuação em diversas áreas. “Um ‘brother’ que cruzou tantas vezes a minha trajetória como artista, produtor e cliente habitual de seu restaurante-experiência. Um abraço apertado à toda a querida família Ortiz, que tem como legado um tanto de coisa linda que Marco plantou nesse mundo”, afirmou em suas redes.
Em sua atuação artística, Ortiz foi ator, além de idealizador e diretor do Auto de Pedro Palácios, encenação ao ar livre que conta a história do Espírito Santo, tradicionalmente apresentada na Prainha de Vila Velha desde os anos 80. Também atuou como membro do Conselho Estadual de Cultura, tendo lutado, entre outras coisas, contra a demolição de galpões do Porto de Vitória, de grande valor histórico e arquitetônico e hoje em processo de tombamento.
Na área da ecologia, ele também se posicionou diversas vezes contra empreendimentos poluidores e de grande impacto socioambiental, além da defesa de uma agricultura e alimentação livre de agrotóxicos. Tornou-se naturalista em 1973, após ler o livro Macrobiótica Zen, de George Ohsawa, e fundou anos depois a Cooperativa Naturalista do Espírito Santo.
Após iniciar seu restaurante em 1980 em Vila Velha, Marco e sua família mudaram o empreendimento para uma casa na Rua Barão de Monjardim, no Centro de Vitória em 1986. Porém, em 2013, após fortes chuvas, o local que abrigada o Sol da Terra, que havia virado um ponto muito valorizado pelos amantes da culinária natural e recebido inclusive clientes famosos, acabou sendo interditado por conta de um deslizamento.
Na época, apesar da grande perda em termos afetivos e financeiros por conta do local, ganhou destaque a atitude serena com que Marco enfrentou o desastre, agradecendo por ele e sua família não terem sofrido danos físicos.
Recebendo solidariedade de amigos, a família se reergueu e reinaugurou no ano seguinte o Sol da Terra no Hortomercado, na Enseada do Suá, onde apesar da mudança significativa do ambiente, mantiveram o estilo culinário e o sucesso comercial, cativando clientes fiéis.