O início da cobrança de pedágio pela concessionária Eco101 antes das obras de duplicação da BR-101 ser iniciada pode fazer perdurar uma realidade que coloca em risco as vidas tanto dos carreteiros que transportam eucalipto quanto dos demais motoristas que utilizam a rodovia.
De acordo com o diretor do Sindicato dos Trabalhadores da Indústria Química e de Papel (Sinticel), Aloir Rodrigues, nas condições em que está atualmente, a rodovia é um risco também aos carreteiros. “O trabalhador tem jornada excessiva de trabalho, carga em excesso nas carretas e não tem condições de trabalho”, reclama. Ele acrescenta que a entidade já protocolou denúncia no Ministério Público do Trabalho por conta da falta de manutenção preventiva nas carretas.
Segundo o diretor do Sinticel, atualmente chegam à fábrica da Aracruz 180 carretas carregadas de eucalipto diariamente, sendo que, no máximo, 30% delas chegam por meio de barcaças; a grande maioria é transportada pela BR-101.
Rodrigues afirma que, além de trafegarem sempre acima do peso, as carretas também têm sérios problemas de estabilidade, por conta de uma peça chamada “julieta” que faz a ligação entre as composições e que faz com que a carreta saia constantemente da pista.
O sindicalista diz, também, que por conta da pressão por horário, os motoristas das carretas aceleram excessivamente em trechos em que não há movimento.
Rodrigues ressalta que a entidade não é contrária à cobrança de pedágio, mas à forma como ela vem sendo feita, sem que se inicie a duplicação e sem mais melhorias. A duplicação, segundo a Eco101, vai ter início no início somente em 2015, com previsão de duplicação de metade do trecho que corta o Estado em cinco anos.
Clausner Silva dos Santos, outro diretor do Sinticel, salienta que, em teoria, os motoristas devem trabalhar 12 horas diárias, mas que esse número é excedido quase que diariamente.
As carretas carregadas de toras de eucalipto, que fazem o percurso entre a fábrica da Aracruz (atual Fibria) e o sul da Bahia, são grandes responsáveis pela tensão na BR-101. Cada carreta mede 30 metros, o equivalente a um prédio de 12 andares, e pesa entre 110 e 120 toneladas.
Aloir Rodrigues ressalta que o peso das carretas está fora tanto dos limites da via quanto das próprias carretas. Isso provoca, na estrada, os buracos e a falta de nivelamento, e nas carretas a falta de estabilidade.
Além disso, os veículos trafegam em alta velocidade em pista simples e, em determinado ponto da rodovia, se encontram e fazem um comboio. É comum para quem trafega pela BR-101 se deparar com três carretas de 30 metros trafegando em um mesmo sentido, umas atrás as outras, sendo quase impossível para motoristas de outros veículos realizar a ultrapassagem seguras.