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Mulher preta é eleita vereadora com pouco dinheiro e força da militância

Professora Valdirene é nascida na comunidade quilombola Serraria, em São Mateus

Com poucos recursos financeiros, Valdirene Bernardino Pires, a Professora Valdirene (PT), preta, nascida na comunidade quilombola Serraria, foi eleita vereadora em São Mateus (norte do Estado) no último domingo (6). Ela conquistou 1,1 mil votos, “com a força da militância”, e destaca a “importância que a educação tem na vida de uma mulher”.

Esse será um dos eixos de sua atuação na Câmara de Vereadores a partir do início de 2025, mas, desde já, ela começa a manter entendimentos com setores relacionados aos projetos que pretende apresentar, dentre eles, um para “fortalecer e desenvolver novas políticas públicas direcionadas às mulheres”.

Valdirene se diz independente, por não pertencer a nenhuma das várias correntes internas do PT, e, apesar de ter contado com o apoio do partido, recebeu apenas R$ 11 mil do fundo partidário. “Para a Capital vão milhões, mas para o interior é muito pouco”, diz, e ressalta que recebeu doações com as quais conseguiu cobrir as despesas.

Casada e mãe de dois filhos, ela leciona em duas escolas, rotina que deverá ser alterada com as nova função. Valdirene é formada em Ciências Biológicas e mestre em ensino da educação básica pela Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), servidora pública há 33 anos, como professora municipal; e atuou também no Sindicato dos Servidores Públicos, na luta pelos direitos, por nove anos.

“Com essa experiência pude fazer a campanha e consegui chegar onde queria”, destaca, e enfatiza: “Pertenço ao coletivo de mulheres pretas de São Mateus, Constância D’Angola, na luta contra o racismo e na defesa dos direitos humanos”. Apesar de surpresa com o resultado da votação, aponta que já é uma pessoa que vem atuando no município há algum tempo.

A futura vereadora pretende “fiscalizar o executivo em suas ações, cobrar a a implementação dos centros de referência de educação especial para atendimento clínico e pedagógico dos alunos da rede municipal, fortalecer e desenvolver novas políticas públicas direcionadas às mulheres, principalmente as negras e periféricas, e atuar em defesa dos direitos dos servidores públicos”.

Valdirene acha necessário trabalhar em parceria com movimentos sociais para o fortalecimento da cultura cultural de São Mateus e a sua expansão, monitorar a aplicação dos recursos destinados à educação municipal, e lutar pela promoção da saúde pública acessível e de qualidade.

“O Executivo terá que ter recursos para investir em educação, saúde e meio ambiente. Também pretendo lutar para acabar com o “apagamento da cultura do município, principalmente da cultura negra”.

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