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Na Beira-Mar, ciclistas fazem contra o pedestre o que sofrem dos carros

A foto abaixo circulou há poucas semanas nas redes sociais e causou choque. 

 

Não se sabe por quê, mas o ciclista se achou o dono do pedaço. Tão chocante quanto o sangue no rosto do homem, no entanto, é o fato de que ciclistas estão reproduzindo em vias compartilhadas com pedestres a mesma lei do mais forte que os vitimam no asfalto quando disputam espaço com os carros. O acidente ocorreu no dia 20 de abril em um ponto de ônibus na Avenida Beira-Mar, no Centro de Vitória, exatamente uma semana antes da Prefeitura de Vitória anunciar a data de início das operações do Bike Vitória, sistema municipal de compartilhamento de bicicletas.
 
O Bike Vitória, cujo início está marcado para este domingo (15), deve aumentar o vai e vem de ciclistas na orla, já que o projeto não “entrou” na cidade, as estações estão concentradas à beira-mar. Deve, portanto, a julgar pela foto acima, aumentar o choque entre ciclistas e pedestres. O sangue no rosto daquele homem é um recado duro para a Prefeitura de Vitória: a infraestrutura cicloviária da cidade ainda é deficiente, como também o é as campanhas de promoção de respeito entre ciclistas e pedestres.
 
Como a reportagem constatou, o convívio entre uns e outros é complicado naquele ponto da avenida no Centro. Ao se deparar com um pedestre nos pontos de ônibus, ciclistas lançam mão de uma tática que conhecem bem: afundar a mão na buzina, tal e qual fazem os carros quando uma bicicleta ousa dividir o asfalto. Quando o correto seria pelo menos reduzir a velocidade para preservar o pedestre, ciclistas agem contrariamente: buzinam para afugentar o estorvo.
 
A buzina avisa quem é o dono do pedaço, quem manda na parada. Se é isso que a do carro diz para o ciclista, o mesmo diz a da bike para o pedestre. O ciclista quer dividir o asfalto, mas não quer dividir a calçada? Difícil entender. A mesma cegueira que acomete motoristas, acomete ciclistas. 
 
Essa semana uma ação promovida por entidades tentou chamar a atenção para o problema. A Associação de Moradores do Centro de Vitoria (Amacentro), com o apoio do Bike Anjo, iniciaram a campanha “Eu Respeito o Pedestre”. A ideia foi sensibilizar ciclistas a reduzirem a velocidade, ou, de outra forma, a não reproduzirem o comportamento de motoristas. 
 
O Bike Vitória pode até incentivar a utilização da bicicleta, ainda que o foco, aqui, seja o lazer e não a mobilidade. Por outro lado, pode ter efeito reverso: expor uma rede cicloviária deficiente e um poder público omisso com ciclistas e pedestres.

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