O Espírito Santo e o rádio perderam na madrugada desta sexta-feira (29) um dos maiores radialistas que este Brasil já ouviu. Já passava de meia-noite quando uma falência múltipla nos órgãos fez o radialista parar de respirar. Jairo Maia morreu no Hospital Santa Rita, em Vitória, onde estava internado.
O corpo de Jairo Maia está sendo velado no cemitério Jardim da Paz, em Laranjeiras, na Serra. O sepultamento está previsto para as 16 horas, no mesmo local.
Para homenagear a memória de Jairo Maia, Século Diário recuperou uma artigo do também radialista José Roberto Mignone, que não escreveu um, mais vários textos pedindo o reconhecimento ao trabalho cinquentenário de Maia em vida.
Leia a seguir o artigo de Mignone publicado, em 2008, em Século Diário
Jairo Maia
Pode-se dizer que ele seja o único verdadeiro radialista do Estado e um dos poucos no Brasil, não desprezando os demais, até porque nos incluímos entre estes. É próprio da humanidade enaltecer quem desaparece, fazendo homenagens e grandes reverências. Por que não em vida? Aliás não estamos prestando homenagem a ninguém. Fazemos o exercício do reconhecimento pleno.
É muito difícil nos dias de hoje chegar aos 70 anos de vida e 50 de carreira em pleno vigor, mantendo uma grande audiência e produzindo a todo vapor. Conhece alguém mais? Onde? mostre! Só aqui, com o senhor Jairo Gouveia Maia, natural de Bom Jesus do Norte, e com esta grande vantagem, isto é, não ser de “fora”, não ter vindo, por exemplo, de Minas, como a maioria.
Mas existe um grande predicado no sucesso de JM: a sua humildade, aliás, aliada à sua sinceridade. Sempre soube pedir, sempre foi sincero e tudo isso deve ter marcado a sua carreira.
Tem-se notícia de apenas uma vez que ele mudou de rádio por conta própria, sem ser convidado. Foi quando comprou, juntamente com seu sogro Jefferson Dalla, a Rádio Capixaba, até então pertencente a Cúria Diocesana do saudoso Arcebispo Dom João Batista da Motta e Albuquerque. Das outras vezes, saiu a convite da rádios.
JM tem um grande retrospecto a seu favor. Como ele próprio costuma dizer: “é missa de corpo presente”. Fala o que acha e geralmente acerta no que diz, principalmente em se tratando de rádio e seu pessoal. Quantas e quantas vezes falou bem de um, e que em breve virou sucesso e falou de outro, que realmente sucumbiu. Sabe sempre distinguir.
São poucos os que se mantiveram no rádio como JM se mantém, tanto moral, profissional e financeiramente. Mas, segundo ele, tem de gostar do que faz e ele teve essa sorte, como poucos. Cuidou dos pais, formou os filhos e ainda continua a ser uma lenda no rádio.
Jairo Maia deveria ser referência nas matérias de rádio e TV dessas faculdades por sua saga, seu conhecimento e sua índole, pois o meio é pobre e fraco de pessoas que possam dignificá-lo, com raríssimas exceções. Tem um pessoal radialista que chega a envergonhar outros, mas sempre foi assim e esperamos que essas faculdades melhorem, principalmente se estudarem Jairo Maia como referência.