Acampadas desde sexta-feira (8) em frente à Prefeitura de Vitória, as famílias da ocupação Chico Prego, no Morro do Romão, em Vitória, ainda não foram procuradas pela gestão de Lorenzo Pazolini (Republicanos) para abertura de diálogo. Elas afirmam que sairão do local somente após serem recebidas pelo gestor e com garantias de que serão encaminhadas para um abrigo, conforme decisão da Justiça.
O juiz Mario da Silva Nunes Neto acatou o pedido da prefeitura de retirada dos moradores, com uso de força policial. Mas, como pré-condição, estabeleceu que seja garantido um local digno para abrigar as famílias, bem como seus pertences, por um período mínimo de seis meses. Já se passou um mês e a decisão, porém, ainda não foi cumprida.
Ao todo, há 36 pessoas no acampamento. Desse total, 14 são crianças e duas são idosos. A militante do Movimento Nacional de Luta pela Moradia (MNLM), Rafaela Regina Caldeira, relata que as famílias têm passado por muitas dificuldades. “Na sexta-feira perguntamos se poderíamos ter acesso ao banheiro da prefeitura durante o final de semana, mas não nos foi possibilitado. Pedimos para acessar durante a semana também, mas não nos deram resposta”, diz.
Na madrugada desta segunda, em virtude das chuvas, as famílias perderam pertences, como colchões e roupas de cama. “Está difícil, complicado, e não sabemos quanto tempo isso vai durar. Estamos pedindo o apoio da sociedade, como doações de barracas, colchões, alimentos e fraldas”, ressalta. Os integrantes da ocupação Chico Prego foram até a sessão da Câmara, também nessa segunda, em busca de diálogo com os vereadores.
Durante a sessão, Camila Valadão (Psol), Karla Coser (PT) e Aloísio Varejão (PSB) defenderam que a gestão municipal receba as famílias acampadas. Camila destacou a falta de diálogo com os manifestantes. “Até hoje ninguém da gestão, coordenador, secretário, absolutamente ninguém foi lá conversar. Nunca vi uma gestão que não se propõe a estabelecer um diálogo. Quero cobrar que o prefeito possa atender as famílias que lá estão”, afirmou.
Para o Movimento Nacional, a sequência de fatos transcorridos até o momento evidencia “descaso e falta de vontade da PMV em promover política habitacional, em particular no atendimento a movimentos sociais de ocupações e população de baixa renda” e “coloca em descrédito a idoneidade da PMV em cumprir os aspectos garantistas das decisões judiciais”.