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Omissão do poder público ‘vandaliza’ patrimônio no Centro de Vitória

A estátua centenária trazida da Itália para ornamentar a escadaria Bárbara Lindenberg,que dá acesso ao Palácio Anchieta, virou símbolo dos ataques aos prédios públicos no protesto da última sexta-feira (19). Nesta segunda-feira (22), o governador Renato Casagrande fez questão de se reunir na frente das câmeras com o escultor grego Ioannis Zavoudakis, 73, para anunciar que a estátua e todos os bens públicos depredados serão reparados. 
 
O artista grego, que restaurou a estátua há 15 anos, terá a missão de recolocar a cabeça na escultura. Casagrande usou o encontro com o escultor e a “decapitação” da estátua para repudiar os protestos violentos e os atos de vandalismo ao patrimônio público.
 
Século Diário também lamenta os danos causados ao patrimônio público, que guarda valor histórico e cultural. Entretanto, o governo do Estado, apesar do discurso de indignação, não tem dado o melhor exemplo de conservação do bem público. Outras estátuas e construções históricas no Centro da Capital têm sido negligenciadas pelo poder público. A omissão do Estado também põe em risco o patrimônio cultural e a memória do Espírito Santo e deixa de ser uma maneira de “vandalizar” esses bens.
 
Em reportagem de agosto de 2011, primeiro ano do governo Casagrande, Século Diário percorreu as ruas do Centro de Vitória e se deparou com cenas de abandono do patrimônio cultural que também fariam o escultor grego chorar e o governador se indignar. 
 
 
A propósito, a estátua hoje decapitada já não estava em boas condições à época, assim como suas três “companheiras”, que completam o quarteto que representa as quatro estações do ano.
 
Ainda no Palácio Anchieta, a reportagem da época flagrou uma pequena escultura que deveria ser uma gruta com uma fonte artificial, servindo como depósito de lixo e abrigo de usuários de drogas e moradores de rua. A obra é do final do século XIX, mas até há pouco tempo estava completamente abandonada. 
 
Na escadaria Djanira Lima a situação era e é ainda pior. A construção de 1925 é uma das que servem de “mictório público”. Afundamento nos degraus, pichações e lixo são alguns dos transtornos do local, um dos acessos da avenida Jerônimo Monteiro à rua Wilson Freitas. 
 

A escadaria Maria Ortiz (foto ao lado), que liga a praça Oito à Cidade Alta, é uma homenagem à heroína capixaba que expulsou os holandeses em 1624. Os balaústres, se não ausentes, estavam sujos ou quebrados. Também havia lixo, poças d’água e restos de fezes e urina.
 
Especialistas ainda criticam os métodos de “conservação” utilizados pelo poder público que, muitas vezes, acabam descaracterizando a obra original e tirando seu valor histórico e artístico. Estátuas de mármore do tipo “carrara”, caso da decapitada, foram pintadas com tinta acrílica ou fixadas numa base desproporcional. Placas que deveriam conter informações contêm ferrugem ou pichação. 
 
Na ocasião da reportagem, a estátua de Getúlio Vargas, na praça de mesmo nome, é outra situação estranha. O personagem deveria estar segurando uma carta. Sua base também é comprometedora, pois exibe uma série de infiltrações.

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