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Página resgata memória do Espírito Santo por meio de fotografias

As primeiras gêmeas siamesas separadas no mundo, o recorde mundial de captura do marlin azul, a primeira paraquedista mulher do Brasil, as festas, ruas, bairros, praias e paisagens capixabas de décadas atrás. Tudo isso faz parte da história do Espírito Santo e vem atraindo cada vez mais seguidores nas redes sociais, por meio da página História Capixaba.

A página estreou em setembro do ano passado com uma foto da construção da Terceira Ponte em 1989, seguida de várias fotos que o consultor óptico Emanuel Nunes vinha juntando em seu acervo, a maioria delas vindas de grupos de Facebook que reúne interessados em fotografias e memórias do Espírito Santo, além de sites especializados. Em menos de um ano, a página já tem mais de 800 publicações e acumula mais de 30 mil seguidores. 

Foto: Isauro Rodrigues

Emanuel conta que que pensava no que fazer com mais de mil fotos que tinha catalogadas, com as referências de data e local. O Instagram pareceu a plataforma ideal, por valorizar as imagens, de autorias diversas, algumas havendo passado por processo de colorização feito pelo próprio consultor óptico. Embora não possua os direitos autorais, cita as fontes sempre que sejam conhecidas e nunca teve problemas, ao contrário, recebe constantemente apoio de autores e familiares dos fotografados.

A página cresceu rapidamente, conquistando um público interativo mas também exigente. Além do arquivo que já possui, atualmente, Emanuel estima que receba entre 20 e 30 fotografias dos seguidores a cada semana. Nem todas podem ser aproveitadas por diversas razões, mas o que pode ajuda a alimentar também a página, algumas vezes passando por tratamento, que hoje o administrador do História Capixaba faz por celular em seus contra-turnos.

Mas o público não quer apenas fotos nostálgicas ou curiosas, também pede boas descrições que relatem o momento e o contexto de cada click e sua relação com a história do Espírito Santo, o que exige também pesquisa e elaboração de texto – além de muita organização e planejamento.

São ao menos dois posts por dia, um pela manhã e outro pela tarde. Durante os dias de semana, as fotos e histórias são da Grande Vitória, que possui maior acervo. Nos finais de semana, os registros são de municípios do interior.

Tanto tempo e dedicação de forma voluntária tem justificativa. “É um prazer pessoal meu, porque ao mesmo tempo que vou lembrando a história estou aprendendo junto”, diz Emanuel, que se diz apaixonado por história e pretende cursar faculdade na área. “Só não comecei ainda por causa do mercado na área que não é muito abrangente. Fico com receio.”

Mesmo assim, tenta dar sua contribuição utilizando as redes sociais. Garante que o retorno é gratificante. “Tem casos de fotos de família que as pessoas escrevem agradecendo por ter postado”, diz, citando o exemplo dos filhos que enviaram mensagem aprovando a divulgação da história do pai, Paulo Amorim, responsável por quebrar o recorde mundial de pesca do marlin azul em 1992, capturando o peixe de 636 kg. Também recebeu mensagem da filha do homem que por décadas alugou os saudosos carrinhos elétricos no Parque Moscoso em Vitória, forma como sustentou a família. Também recebeu agradecimentos de empresas e da Ceasa por divulgar fotos que resgatam sua história.

Foto: Gildo Loyola

Entre os casos que tiveram maior repercussão na página ele cita o das gêmeas siamesas capixabas Rosalina e Maria Pinheiro Dável, as primeiras separadas por cirurgia no mundo, em 1900, no Rio de Janeiro, a história da “Loura do Volante”, a primeira mulher motorista de ônibus no Espírito Santo, e o caso do assassinato da menina Araceli, que causou e ainda causa indignação.

Também passam pela timeline da página fotos antigas de bairros e cidades, por vezes comparadas com fotos atuais, visitas ilustres como ao estado como do Príncipe Charles, Jimmy Cliff e Garrincha e Elza Soares, registros do congo e do carnaval, antigos comércios, estações de trem e monumentos históricos, personagens históricos capixabas como o ecologista Paulo César Vinha, o político Adalberto Simão Nader, a jornalista Maria Nilce, a promotora Edith de Menezes, o zagueiro Fontana, tricampeão na Copa de 70, entre outros.

Para os fanáticos ou simplesmente curiosos da história do Espírito Santo, o História Capixaba é um prato cheio para lembranças e aprendizados.

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