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Para ativista, marcha deixou para trás o estigma de ser luta de ‘maconheiro’

A Marcha da Maconha, mobilização pró-legalização da cannabis, chega a mais uma edição em Vitória neste sábado (23) com uma boa certeza: a luta pela legalização da maconha é vista hoje como tema que reúne diversos setores da sociedade civil e não apenas o grupo restrito e estereotipado dos “maconheiros”. “Acho que a Marcha da Maconha deixou para trás o estigma de uma luta de maconheiro”, analisa um de seus organizadores, Filipe Borba. 
 
A concentração será no campus de Goiabeiras da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), em Vitória, com concetração a partir de 14h20 e saída às 16h20. A expectativa é que a edição deste ano supere o número de participantes de 2014, quando, segundo Borba, cerca de mil pessoas marcharam pela legalização.
 
O discurso da legalização da maconha, amparado na contestação à chamada “guerra às drogas”, ou seja, um modelo repressivo de combate às drogas que antes agrava do que remedia problemas sociais, é abraçado por agentes do judiciário, estudiosos de universidades e políticos. Borba destaca, por exemplo, a atuação da a ONG internacional Law Enforcement Against Prohibition (Agentes da Lei Contra a Proibição), composta por agentes da justiça criminal do mundo todo, como delegados, coronéis, juízes e promotores.
 
A “guerra às drogas” inspirou o lema Pela Liberdade dos Nossos Presos, em Memória aos Nossos Mortos – Legalize, o eixo da marcha paulista deste ano e que a marcha capixaba toma emprestado. Um de seus efeitos é a criminalização da pobreza. “O problema é que a pessoa da classe alta é visto como coitadinho, um usuário, e o da periferia, um traficante, por estar na periferia”, diz Borba.
 
A legalização do autocultivo é bandeira correlata. Muitos usuários se dedicam ao cultivo doméstico de maconha para evitar o mercado ilegal e usar uma planta de qualidade. Só que a legislação ainda alveja os cultivadores com o modelo repressivo de combate às drogas. “A gente sempre bate na tecla que até hoje existem cultivadores sendo presos”, destaca.
 
Por isso, o ativista considera que o debate precisa ir além da liberação medicinal do uso da maconha, que ganhou ainda mais destaque em janeiro deste ano após a liberação pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) do uso do canabidiol, substância presente na maconha para fins medicinais.
 
Borba adianta que existe a ideia de organizar um encontro estadual antiprobicionista em Vitória com a presença de representantes das diversas áreas para debater legalização. Para ele,a discussão deve dar um passo adiante: se existe o entendimento dos benefícios da legalização, então é hora de discutir qual o modelo apropriado. “A ideia é discutir um modelo de legalização para o Brasil”, explica.

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