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Economia de Francisco e Clara tem muito a ensinar em tempos de pandemia

O economista Arlindo Villaschi é facilitador de um curso sobre o tema, que está com inscrições abertas

O economista e professor titular aposentado da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), Arlindo Villaschi, acredita que a inspiração por uma nova economia, a ser debatida no encontro “A Economia de Francisco”, instiga a reflexão sobre como a pandemia e seus efeitos sociais e econômicos são resultado de um modelo “excludente, concentrador de riquezas e depredador”. O encontro, previsto para novembro na cidade italiana de Assis, contará com uma delegação formada por três jovens capixabas, além do próprio economista, convidado pela Universidade de Perúgia para falar sobre economia do bem viver. 

Arlindo afirma que a Economia de Francisco, que no Brasil ganhou o nome de Economia de Clara e Francisco, para reconhecer a importância da igualdade de gênero, traz como reflexão se de fato se deve voltar ao modelo econômico de antes da pandemia e que se acelerou durante a crise sanitária. “Os efeitos se aceleram porque quem mais sofre nesse contexto são os mais pobres, os excluídos de sempre. São também as micro, pequenas e médias empresas, que estão excluídas dos incentivos fiscais e do apoio tecnológico para prosperar”, ressalta Arlindo. 
De acordo com o economista, a única questão que não acelerou em nível mundial durante a pandemia foi a degradação ambiental. O Brasil, segundo Arlindo, não se encaixa, porém, nessa afirmação, pois a crise sanitária está sendo utilizada para promover maior depredação da Amazônia. “As denúncias de depredação ambiental e o etnocídio de diversas tribos têm sido constantemente denunciados”, enumera. 

Curso
Arlindo Villaschi é um dos facilitadores, junto com religiosos, militantes de movimentos sociais e professoresdo curso Elementos Para Compreender e Vivenciar a Economia de Clara e Francisco, que é uma das atividades da Campanha Contra a Fome e Pela Inclusão Social, do Vicariato para Ação Social, Política e Ecumênica da Arquidiocese de Vitória. No curso, que é gratuito e será realizado virtualmente, serão discutidas as ideias básicas da Economia de Clara e Francisco, com o intuito de formar pessoas que já atuam em ações de combate à fome e quem mais quiser se aprofundar no estudo sobre “um mundo econômico onde não existe fome”. 
O curso começa neste sábado (11), será quinzenal, e contará com cinco módulos: Economia enquanto cuidar da casa; Desmistificando o economês do mercado; Existem alternativas: na história e em experimentos acontecendo – motivando microações; Existem alternativas: o mercado funcionando de forma mais inclusiva – motivando articulações municipais e estaduais; e Existem alternativas: políticas públicas que têm o bem comum como prioridade – motivando a ciência para pressão política. As inscrições podem ser feitas pelo e-mail [email protected]
Encontro
O encontro “A Economia de Francisco”, previsto para novembro, contará com laboratórios, eventos artísticos e plenárias com renomados economistas, especialistas em desenvolvimento sustentável e empreendedores, que hoje estão comprometidos em nível mundial com uma economia diferente. O evento pretende reunir jovens protagonistas de mudanças de diversas partes do mundo, com até 35 anos, na cidade onde nasceu São Francisco.
O seminarista Vitor Noronha é um dos capixabas que irão participar. Ele acredita que o chamado “pacto com os jovens” proposto no evento conseguirá “estabelecer uma sinergia capaz de superar este sistema capitalista liberal em que vivemos, que, nas palavras do Papa, é ‘estruturalmente perverso”. 
Vitor enfatiza a centralidade nos pobres na proposta do chefe da Igreja Católica. “Papa Francisco não se cansa em afirmar que a raiz de todos os males sociais está na desigualdade social, de criticar a autonomia absoluta dos mercados e da especulação financeira, bem como seus frutos que aparecem mais evidentemente nas reformas que retiram direitos trabalhistas e previdenciários dos pobres”. 
O trabalho do primeiro papa sulamericano sempre teve esse norte, conta o seminarista. “Ele não faz isso distante, do Vaticano, do ‘centro do mundo’. Ele está lá, mas não fala de lá. Ele foi um padre de periferia, depois um Bispo que vivia mais nas periferias de Buenos Aires e na casa dos pobres, do que nos palácios e nos banquetes. Agora, é um Papa que se propõe a seguir os passos de São Francisco de Assis, tocar a carne de Cristo nos pobres e nas dores da criação, para assim poder acessar a força transformadora do Evangelho e ser um sinal eficaz de mudança para toda a humanidade”, diz.

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